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Oposição sai na frente na Argentina e ganha vantagem nas primárias para eleição legislativa

Economista Javier Milei, de ultradireita, tem boa performance e conquista mais de 13% dos votos

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Buenos Aires

Com mais de 80% dos votos computados, as primárias argentinas para a eleição legislativa de meio de mandato apontam vantagem de pré-candidatos da oposição.

A coalizão de centro-direita Juntos, comandada pelo ex-presidente Mauricio Macri, obteve, até o momento, 40,51% dos votos, enquanto a aliança do governo, Frente de Todos, obteve 30,72%.

Fila em local de votação em Buenos Aires durante primárias legislativas na Argentina - Agustin Marcarian/Reuters

​As principais diferenças ocorreram na província de Buenos Aires, principal foco do pleito, pois concentra a maior parte do eleitorado do país (38%). A candidata peronista, María Tolosa Paz (33,5%), teve mais votos que seus rivais, Diego Santilli (22,76%) e Facundo Manes (15,55%). Ambos, porém, serão parte de uma mesma lista no pleito de 14 de novembro e, juntos, podem ultrapassar a peronista.

No começo da noite, Tolosa Paz e seus assessores festejaram pulando e dançando. Depois, ela foi criticada, já que o governo não se saiu bem em nível nacional. A candidata, que ocupava o cargo de responsável pelo Conselho Federal de Políticas Sociais, ligada diretamente ao Executivo, e só renunciou ao posto para disputar a eleição, é de total confiança do presidente Alberto Fernández.

Diante de apoiadores peronistas, Fernández reconheceu os resultados ruins. "É preciso ouvir a população, e a população hoje não nos acompanhou nas urnas como esperávamos. Significa que o que fizemos não foi o suficiente." O líder argentino reforçou que as primárias "não são a eleição definitiva, portanto há tempo para recuperar a confiança de todos os argentinos". "Acredito numa Argentina com mais justiça social e mais saúde pública, e é nisso que vamos colocar nossos esforços."

Na cidade de Buenos Aires, a diferença foi grande em favor da oposição. Ainda segundo os resultados preliminares, a aliança Juntos obteve 48,28% dos votos, com Maria Eugênia Vidal à frente, contra 24,62% do peronista Leandro Santoro. A capital é governada pelo macrismo desde 2007, primeiro pelo próprio Macri, em duas gestões, e agora por Horacio Rodríguez Larreta, que tem claras ambições presidenciais.

Vidal comemorou o resultado deste domingo. "Hoje demos um passo para começar a mudar a Argentina, por uma Argentina de verdades e sem as mentiras que o governo conta", disse.

Os libertários, força ultradireitista que despontou nos últimos anos, tiveram boa performance, encabeçados pelo economista Javier Milei. Com 13,64%, ele se qualificou para a votação de novembro com chances de colocar o partido Avanza Libertad pela primeira vez no Congresso.

Milei afirmou estar aberto para alianças, mas descartou se unir ao grupo social-democrata porque "são iguais aos comunistas". Segundo ele, a quantidade de votos que teve não surpreende, porque "os jovens estão do nosso lado, estamos vendo sua rebeldia e a vontade de mudar as coisas", disse.

A participação foi de mais de 70%, cifra baixa para os padrões argentinos. A jornalistas o ministro do interior, Wado de Pedro, afirmou que considerava o índice bom “em razão da pandemia”. Houve atrasos e filas ao longo do dia nos postos de votação, para que o protocolo sanitário pudesse ser respeitado.

Na Argentina, os partidos políticos se unem em coalizões para as disputas. A aliança governista, por exemplo, é formada por partidos e correntes do peronismo. Há peronistas tradicionais e moderados, como o presidente Fernández, os mais à direita, como o atual chefe da Câmara dos Deputados, Sergio Massa, e a corrente mais à esquerda, liderada por Cristina Kirchner.

Recentemente, devido aos tropeços de Fernández, investigado por causa de uma festa realizada em sua casa no momento em que a população enfrentava duras restrições sanitárias, descumprindo assim um decreto presidencial, a ala kirchnerista passou a atacar o presidente. Assim, Cristina voltou a aparecer em atos e em comícios para tentar restabelecer a harmonia dentro da coalizão.

O presidente comentou neste domingo o episódio pelo qual é investigado. "Cometemos erros e sabemos que vocês se incomodaram. Não vai voltar a ocorrer."

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