Siga a folha

Vou passear com Bolsonaro em Haia, diz Queiroga a diretor da OMS em tom de deboche

Ministro da Saúde faz piada após presidente afirmar ser 'único chefe de Estado no mundo investigado, acusado de genocídio'

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Durante a cúpula do G20 em Roma, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse em tom de deboche ao diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, que vai "passear em Haia" com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A declaração do ministro foi feita logo após Bolsonaro afirmar ser o "único chefe de Estado no mundo investigado, acusado de [ser] genocida". Em seguida, o presidente emendou: "É a política".

Dando gargalhadas, Queiroga completou: "Eu também. Vou com ele para Haia. Passear lá em Haia".

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga - Pedro Ladeira - 25.mai.21/Folhapress

A cidade holandesa citada pelo ministro é sede do Tribunal Penal Internacional, possível destino de denúncias formuladas pela CPI da Covid. O órgão do Senado recomendou na última terça-feira (26) que o presidente brasileiro seja indiciado por crime comum de epidemia com resultado de morte e crime contra a humanidade, dentre outros crimes, mas descartou a acusação de genocídio contra indígenas.

As declarações integram um vídeo postado nas redes sociais, em que Bolsonaro e Queiroga aparecem sentados ao lado de Tedros e auxiliares. Segundo o Planalto informou no Twitter, a conversa informal ocorreu no domingo (31), durante a cúpula do G20, em Roma.

Em outro vídeo da mesma conversa, Bolsonaro pergunta ao diretor da OMS, aos risos. "Qual é a origem do vírus?". Ghebreyesus responde: "Ainda estamos estudando".

A Covid foi identificada pela primeira vez em Wuhan, na China, em dezembro de 2019. Quase dois anos após o início da pandemia de Covid, a comunidade científica ainda se debruça sobre a origem do coronavírus Sars-CoV-2, o causador da doença.

Nos últimos meses, o debate sobre como o vírus passou a infectar humanos voltou à tona com a possibilidade, não comprovada até agora e sem novas evidências, de um escape laboratorial. A versão é refutada pelas autoridades chinesas. Relatório publicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) após investigação em Wuhan não foi conclusivo.

Em maio, Bolsonaro sugeriu, sem apresentar provas, que a China faz guerra biológica com a Covid. "É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?", afirmou na ocasião.

No vídeo gravado no G20, os participantes da conversa aparecem sem máscara de proteção contra o coronavírus, com exceção de alguns auxiliares que não se pronunciam.

Após o encontro, Tedro escreveu no Twitter que, no encontro com Bolsonaro, foi discutido "o potencial do Brasil para produção local de vacinas e tratamentos, que poderiam também dar suporte às necessidades da América Latina". ​

Em março deste ano, Bolsonaro tirou de contexto declarações do diretor-geral da OMS para sugerir que ele havia mudado de opinião sobre o isolamento físico como medida para previnir o contágio por Covid e que teria dito que as pessoas "têm que trabalhar".

No discurso em questão, Tedros havia defendido o distanciamento social e argumentado que os países deveriam oferecer suporte para que pessoas de baixa renda possam praticar o isolamento.

Isolado na cúpula dos líderes das maiores economias do mundo em Roma, Bolsonaro encerrou sua participação no evento sem nenhuma reunião bilateral com líderes globais em sua agenda nem integração social com eles. Preferiu usar o tempo para caminhar pelas ruas da capital acompanhado de apoiadores.

Neste domingo (31), jornalistas foram agredidos por seguranças durante um passeio a pé de Bolsonaro e apoiadores pelas ruas de Roma. Em meio ao empurra-empurra, ao menos uma manifestante ficou ferida ao ser derrubada.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas