Recorde ocasional

Crédito: Lalo de Almeida - 8.mai.2012/Folhapress Vista aérea de fazenda com plantação de milho na cidade de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso

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Favorecido pelo crescimento da economia mundial e pela recuperação dos preços das matérias-primas, o comércio exterior brasileiro terminou 2017 com o maior saldo positivo da história, em valores absolutos —US$ 67 bilhões.

Superou-se a marca do ano anterior em US$ 22 bilhões. As exportações tiveram alta de 18,5% e atingiram US$ 217,7 bilhões, após três anos seguidos de contração. As importações aumentaram 10%.

Mesmo com a melhora, contudo, a corrente de comércio do país —a soma das vendas e compras— ainda está quase 25% abaixo da observada em 2011. O dado é especialmente negativo para uma economia que está entre as mais fechadas do mundo.

Do lado exportador, o destaque, como é usual, ficou com os produtos básicos (commodities). O agronegócio expandiu os embarques em 11%, graças à safra recorde de grãos e ampliação dos negócios com carnes e outros produtos.

As vendas de petróleo cresceram 66%, resultado do aumento da produção do pré-sal e, como nos outros casos, da alta de preços.

Houve ainda elevação de 9,4% no segmento de produtos manufaturados. No setor de automóveis, a taxa chegou a espantosos 44%, graças à resposta das montadoras à queda do consumo doméstico —reflexo, claro, da devastadora recessão dos anos anteriores.

A recuperação econômica ainda caminha de modo lento, como mostra o recuo de 11% nas importações de máquinas e equipamentos.

Para 2018 a expectativa é de avanço mais acentuado das compras externas, em decorrência da expansão da renda nacional. Mesmo assim, o Banco Central projeta saldo comercial ainda respeitável, próximo a US$ 50 bilhões.

Velhas fragilidades permanecem, contudo. O país segue muito dependente da exportação de poucos produtos —soja e minério de ferro são as duas maiores fontes de divisas, com vendas concentradas para a China.

Os custos exagerados dos tributos e da burocracia ainda oneram as empresas; o gargalo da infraestrutura precária pode até se agravar com a derrocada das finanças e obras públicas.

Sem progressos nessas áreas, o mais provável será a repetição de um deletério padrão: o enfraquecimento contínuo dos resultados comerciais à medida que a demanda doméstica retome vigor.

editoriais@grupofolha.com.br