#Folhasim
Bolsonaro comete erro grave ao ameaçar jornal
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Esta semana recebi em meu celular um vídeo produzido pela AllTV, do jornalista Alberto Luchetti --pioneira em webtv do Brasil--, e também divulgado nas suas plataformas digitais, com a hashtag #folhasim.
Alguém, que não foi a Folha, levantou uma bandeira que não defende apenas a Folha, mas toda a mídia deste país.
Para quem não se lembra, o presidente eleito, um dia após sua vitória nas urnas, concedeu entrevista de grande repercussão no Jornal Nacional, em que foi de uma infelicidade sem tamanho. Mesmo a se considerar o calor da emoção da mais intensa batalha eleitoral da história do Brasil, Jair Bolsonaro cometeu um erro que um presidente da República ("res publica") em tempo algum poderia cometer, que é confundir o bem pessoal com o bem público.
Para quem quisesse ouvir e ver, ele declarou que iria vedar verba publicitária oficial à Folha e seu grupo de mídia. Por mais agressiva que a reportagem deste jornal pudesse ter sido contra o então candidato, por maiores os erros que houvesse numa reportagem, um presidente eleito não pode ameaçar de sufoco financeiro um grupo de mídia, usando para isso a verba da União, do governo.
A verba é institucional, de propaganda governamental, e não verba de publicidade pessoal do senhor presidente da República.
Um ato desses é tão passível de denúncia de improbidade administrativa quanto a denúncia de uma contratação sem licitação de uma verba milionária feita ilegalmente.
O senhor presidente da República tem todo o direito, assim como o deputado, de entrar com uma ação contra a Folha no que se considerar ofendido ou caluniado, ou o que quer que seja.
Mas nenhum ente público, quer presidente da República, quer deputado ou ministro, pode usar o poder de distribuição de verba de publicidade para prejudicar e sufocar financeiramente um dos dois mais importantes jornais do país por ter se sentido prejudicado.
O detalhe mais exótico é que Jair Bolsonaro ganhou a eleição, ou seja, a reportagem da Folha não prejudicou em nada sua campanha.
A ABI (Associação Brasileira de Imprensa), em nota oficial, colocou-se espantada com a atitude de rancor pessoal do já eleito presidente.
Um candidato que durante toda a sua campanha levantou a bandeira da moralidade pública não pode exercer sua autoridade exatamente para rasgar a moralidade pública.
Usar de sua ira pessoal contra um veículo de imprensa, por pior que sejam as relações entre político e jornal, é rasgar, sim, a moralidade pública --coisa que esperamos, todos os cidadãos de bem do país, que o próximo presidente não faça.
Coincidentemente, e não acredito em coincidência na política, as primeiras entrevistas coletivas de Sua Excelência Futuro Presidente foram pautadas pela exclusão dos jornalistas de jornais.
O que deu a entender, e quero estar errado, é que, para evitar que algum jornalista da Folha aparecesse e fizesse perguntas que pudessem ser consideradas desagradáveis, todos os jornais foram punidos.
Não era uma coletiva de imprensa, mas sim uma seletiva de imprensa.
O povo do meu país está cansado de mensalão, de petrolão, e espera que o futuro presidente Jair Bolsonaro não crie o jornalistão.
Preferimos #folhasim.