Procuradoria investiga troca na chefia da Polícia Federal de Santos

Crédito: Ueslei Marcelino/Reuters Fernando Segovia, diretor-geral da Polícia Federal

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O procurador da República Roberto Farah Torres, do Ministério Público Federal em Santos, enviou na última sexta-feira (19) um ofício ao superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Disney Rosseti, solicitando informações sobre os critérios que serão adotados para a substituição no comando da Delegacia da PF na cidade litorânea, uma das maiores do país.

O pedido de explicações ao chefe da PF paulista é segundo passo de um inquérito civil aberto no dia 15 de janeiro pelo procurador-chefe da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre, que apura os motivos da substituição. O Ministério Público tem entre as suas atribuições o controle externo da atividade policial.

Em dezembro, a direção da Polícia Federal retirou da chefia santista o delegado Júlio César Baida Filho, transferido para o Rio de Janeiro. Seu substituto ainda não foi definido. A Folha apurou que a mudança ocorre no momento em que avançam investigações sobre um esquema de corrupção no porto de Santos.

A transferência de Baida Filho aconteceu após uma reunião com cerca de dez investigadores na sede da Polícia Federal santista. No encontro havia, além de delegados, procuradores da República e auditores da Controladoria-Geral da União, do Tribunal de Contas da União e da Receita Federal. A pauta era justamente irregularidades em contratos de empresas que atuam na área portuária.

O porto de Santos é área tradicional de influência do presidente Michel Temer. Ele é investigado pelo suposto favorecimento da operadora de terminais Rodrimar, por meio da edição do Decreto dos Portos. Em troca, haveria pagamento de propina. O negócio teria sido intermediado pelo ex-assessor da Presidência, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o mesmo filmado com uma mala com R$ 500 mil de propina da JBS.

O favorito a assumir a chefia da delegacia santista é o delegado José Roberto Sagrado Da Hora. Ele já tinha sido apontado como substituto de Baida Filho quando foi anunciada a troca de comando, mas servidores de órgãos envolvidos nas investigações no porto de Santos protestaram, alegando que a indicação de Da Hora agradaria a políticos ligados ao presidente Michel Temer. A nomeação, então, não aconteceu.

O procurador-chefe da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre, demonstrou preocupação com a mudança. "Embora a substituição da chefia de Santos seja um ato da cúpula da Polícia Federal ela deve observar os princípios constitucionais e o interesse público, especialmente no que se refere à capacidade de quem comanda uma das maiores e mais importantes delegacias do país", disse Nobre. "A atual chefia realiza um trabalho sério, primoroso e não conhecemos as razões para que esse brilhante trabalho seja interrompido."

OUTRO LADO

A assessoria da Polícia Federal disse que o cargo de diretor da Delegacia da PF de Santos é de confiança do diretor-geral, que após ouvir o superintendente de São Paulo vai definir quem será o substituto de Júlio César Baida Filho. O critério usado para a nomeação, segundo a assessoria, é o mesmo usado pelo Ministério Público e ainda não há definição sobre o nome do novo delegado-chefe de Santos.

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