Descrição de chapéu Eleições 2018

Com foco no marketing, eleição na Bahia terá 'Rui Correria' contra 'Zé do Sertão'

Disputa deve ser polarizada entre PT e DEM pela sexta vez consecutiva

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João Pedro Pitombo
Salvador

Enquanto trabalhava na letra do jingle encomendado pela equipe do então candidato a governador Rui Costa (PT), em 2014, o cantor e compositor baiano Chocolate da Bahia encaixou na letra um verso que se tornaria a marca da campanha eleitoral seguinte.

O jingle, em ritmo de arrocha, dizia que Rui Costa “é correria”, usando uma gíria típica do baianês usada para designar uma pessoa dinâmica, que faz as coisas acontecerem.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), que disputa a reeleição - Arquivo pessoal

Quatro anos depois, Rui Costa disputa a reeleição amparado na marca “Rui Correria”, que virou peça central de sua estratégia publicitária de campanha.

Para contrapor o petista, o candidato do DEM, o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo, passou a ser chamado de “Zé da Bahia” e “Zé do Sertão”, numa referência à sua origem interiorana.

Com foco no marketing e na construção de personas para os candidatos, a corrida eleitoral da Bahia deve ser polarizada entre PT e DEM pela sexta vez consecutiva.

Desta vez, assim como há quatro anos, os protagonistas dos dois principais partidos baianos não estarão na linha de frente da disputa.

O ex-governador Jaques Wagner (PT) disputa uma vaga no Senado e apoia a reeleição de seu apadrinhado político Rui Costa para o governo.

Já o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) desistiu de renunciar à prefeitura para concorrer ao governo e indicou para a tarefa seu aliado José Ronaldo.

O MDB, candidato a terceira força, também entra na eleição com um coadjuvante: escolheu João Reis Santana, um quadro dos bastidores do partido, para representar o espólio do ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso após a descoberta de um bunker com R$ 51 milhões em Salvador.

No campo governista, Rui Costa ancora sua candidatura nas obras que realizou mesmo num cenário de crise financeira. A conclusão da segunda linha do metrô de Salvador é a principal marca da sua gestão.

Por outro lado, o governo enfrenta problemas na saúde, com a falta de vagas em hospitais, e na segurança. Segundo dados do Fórum brasileiro de Segurança Pública, o número de mortes violentas na Bahia cresceu de 5.663 em 2014 para 6.915 em 2017.

Em seus discursos, Rui Costa justifica os problemas enfrentados citando cenário de crise e falta de atuação do governo federal. E tem buscado associar seus adversários ao impopular governo de Michel Temer (MDB).

“O povo tem que saber quem é quem. Eu não tenho vergonha de dizer que sou aliado do presidente Lula”, disse o petista.

No campo das oposições, o anticlímax criado com desistência do prefeito ACM Neto em disputar o governo foi sucedido de rixas internas e perda de aliados, sobretudo entre prefeitos no interior do estado.

O candidato José Ronaldo, contudo, se diz otimista em relação à disputa e diz acreditar que há um desgaste em relação aos 12 anos de governos petistas na Bahia.

O candidato do DEM ao Governo da Bahia, o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo - Arquivo pessoal

“O governador está prometendo de novo coisas que prometeu há quatro, oito anos atrás. E ainda fica se justificando pelo que não fez culpando o governo federal”, diz.

Ele ainda critica a estratégia do governador de relacionar a sua candidatura ao impopular presidente da República: “Ao contrário dele, nunca votei em Temer. Ele que votou em Temer que assuma suas responsabilidades”, diz.

Reverter o favoritismo do PT, contudo, não será tarefa fácil. Segundo pesquisa Ibope divulgada em agosto, Rui Costa tem 50% das intenções de voto contra 8% de José Ronaldo.

Ainda disputam o governo da Bahia o ex-prefeito de Salvador João Henrique (PRTB), que deixou a prefeitura em 2012 com baixa popularidade e busca reposicionar-se politicamente numa aliança com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

Célia Sacramento (Rede), Marcos Mendes (PSOL) e Orlando Andrade (PCO) também são candidatos.

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