Celso de Mello, do STF, homologa acordo de delação de Marcos Valério

Condenado no mensalão, ex-publicitário narrou supostos crimes de parlamentares

O publicitário Marcos Valério, preso por conta do processo do mensalão - Marlene Bergamo - 17.abr.2018/Folhapress

Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados Você atingiu o limite de
por mês.

Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login

Brasília

O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), homologou parcialmente o acordo de delação premiada firmado no ano passado entre o ex-publicitário Marcos Valério e a Polícia Federal e a Polícia Civil de Minas Gerais.

A partir da homologação, as autoridades podem passar a investigar os fatos narrados pelo delator. Não há, na decisão do ministro, detalhes sobre os supostos crimes delatados nem quais são os políticos envolvidos. O caso não é diretamente ligado às investigações da Lava Jato, que são de relatoria do ministro Edson Fachin.

Valério entregou à polícia 60 anexos. Cada um diz respeito a um fato supostamente criminoso ou a um conjunto de fatos interligados. O teor dos anexos permanece em sigilo.

Preso em Minas, Valério cumpre pena de 37 anos por condenação no mensalão do PT. Ele também foi condenado em junho a 16 anos e nove meses de prisão por envolvimento no chamado mensalão tucano, além de ter sido alvo da Operação Lava Jato.

A decisão do ministro do Supremo de homologar a delação é do dia 24 de setembro e foi revelada nesta quarta-feira (3) pelo site G1. A Folha teve acesso e confirmou as informações.

Celso de Mello analisou critérios formais —como, por exemplo, se o delator resolveu colaborar espontaneamente—, afirmou a competência do Supremo para o caso, porque há relatos de supostos crimes praticados durante mandato de parlamentar federal, e definiu que os benefícios concedidos a Valério serão fixados pela Justiça ao final dos processos.

Parte dos fatos criminosos delatados não foi homologada porque, segundo Mello, se referiam a ações penais que já tramitam na Justiça. Como a delação foi negociada com a PF e a Polícia Civil, após negativas do Ministério Público, o ministro não homologou esses trechos porque é o Ministério Público que atua nas ações penais já em andamento.

A PF enviou delação de Marcos Valério ao Supremo em julho de 2017. O acordo demorou para ser homologado porque não havia consenso de que delegados podiam negociar delações sem a participação de membros do Ministério Público. A questão foi pacificada pelo STF neste ano, como destacou Mello em sua decisão.

Relacionadas