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Alvos da Lava Jato, ex-tesoureiros são apostas do PT no ABC e interior de SP

Investigados, Edinho Silva (Araraquara) e José de Filippi (Diadema) não são réus e têm chances em seus municípios

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São Paulo

Dois ex-tesoureiros de campanhas petistas que foram alvos da Lava Jato são a aposta do Partido dos Trabalhadores para conquistar prefeituras importantes no Grande ABC e interior de São Paulo.

Após a operação, iniciada em 2014, o PT perdeu a Presidência da República e viu definhar boa parte do seu capital político e eleitoral.

Hoje, o partido governa apenas sete cidades no estado de São Paulo. Em 2012, no seu auge, o PT conquistou o comando de 72 dos 645 municípios paulistas, incluindo a capital, que foi administrada por Fernando Haddad.

Uma razão encontrada pelos petistas para essa queda tão brusca no estado (88% menos prefeituras conquistadas entre as eleições de 2012 e 2016) foi justamente a Operação Lava Jato, que mirou os integrantes da legenda.

Ex-tesoureiro e alvo da Lava Jato, José Filippi Junior (PT), ex-prefeito de Diadema, tenta um novo mandato na cidade - Cadu Bazilevski/Divulgação

Em 4 de março de 2016, a Polícia Federal bateu à porta de José de Filippi Junior, ex-prefeito de Diadema (1993 a 1996 e 2001 a 2008).

“Eu estava me preparando para nadar”, conta Filippi, que foi investigado por ter sido tesoureiro das campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2010. Naquele dia, o próprio Lula foi alvo de uma condução coercitiva para depor.

Fillipi nunca foi acusado formalmente, mesmo sendo alvo daquela fase da operação, batizada de Aletheia, que aprofundava investigações de desvios na Petrobras.

“Eu não fui nem indiciado e nem denunciado. Investigaram dez anos da minha vida e eu estou aí à disposição de autoridades para debater. E isso pela condição de eu ter sido tesoureiro das campanhas, não por eu ter sido prefeito”, diz Filippi.

“Isso aí para mim é página virada. Os meus adversários tentam me associar a isso, mas até o povo está respondendo”, diz o petista, que faz referência a uma pesquisa do instituto ABC Dados, que indica boas chances de ele ir para o segundo turno da eleição para a prefeitura de Diadema.

Segundo essa pesquisa, Filippi tem 31% da preferência do eleitorado. É quase três vezes o índice do segundo colocado, Revelino Almeida, o Pretinho, do DEM, que tem 11%. “São 13 candidatos, cerca de seis ou sete com alguma musculatura. Estamos nos preparando para ver quem será nosso adversário no segundo turno”, diz José de Filippi.

Foi em Diadema que o PT conquistou sua primeira prefeitura, em 1982, com Gilson Menezes.

Em Araraquara, a situação do atual prefeito, Edinho Silva, é semelhante. Uma pesquisa interna do PT aponta que ele está na frente na disputa. A medição diz que ele deverá ter como principal adversário o médico Luís Cláudio Lapena Barreto (Patriota).

O petista prevê uma eleição disputada para ele e para seus correligionários do estado. “O antipetismo ainda está forte. Melhor que em 2016, mas ainda está forte”, diz o prefeito de Araraquara.

O prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), ex-tesoureiro e alvo da Lava Jato, em campanha pela reeleição - Divulgação Facebook Edinho Silva

Edinho já estava no cargo de prefeito quando, em 9 de novembro de 2018, sua casa foi vasculhada por policiais federais.

A investigação fazia parte da Operação Capitu, fase da Lava Jato que procurava provas de um esquema de corrupção no Ministério da Agricultura durante o governo Dilma.

Edinho foi tesoureiro da campanha eleitoral de 2014 e ex-ministro de Dilma. A investigação não avançou sobre ele, que ainda não foi ouvido pelos investigadores e não há sequer denúncia pelos procuradores.

A Justiça Eleitoral arquivou dois inquéritos contra ele, que havia sido acusado por dois executivos da Odebrecht de pedir R$ 1 milhão para a campanha de Aloízio Mercadante a governador de São Paulo em 2010.

Edinho também foi acusado de arrecadar dinheiro para a campanha da ex-presidente Dilma em 2014 por meio de caixa dois, verna não declarada à Justiça Eleitoral. Por falta de provas, o processo também foi arquivado.

Edinho foi denunciado na ação conhecida como “Quadrilhão do PT”, que acusa a existência de uma organização criminosa no partido para desvio de verbas do governo Dilma.

Outra denúncia foi feita pela Lava Jato na investigação envolvendo a indústria farmacêutica EMS, onde há a suspeita de que PT e o laboratório operaram caixa dois de campanha de mais de R$ 1 milhão na eleição presidencial de 2014.

A investigação teve início com a delação do ex-senador petista Delcídio do Amaral. Ele afirmou que Edinho teria indicado a EMS para cobrir dívidas da campanha dele em Mato Grosso do Sul.

Nos dois casos Edinho Silva não é réu, já que o juiz ainda não decidiu se aceita a denúncia.

O PT também disputará com boas chances a Prefeitura de Guarulhos, segundo maior município de São Paulo, com mais de 1,3 milhão de habitantes. Eloi Pietá lidera com 28% a pesquisa RealTime. Em seguida vem o atual prefeito da cidade, Gustavo “Guti” Henrice Costa (PSD), com 25%.

Pietá foi prefeito de Guarulhos entre 2001 e 2008.

A realidade do PT no estado, porém, é bem menos animadora do que nessas três cidades. Na capital paulista, onde o partido sempre sempre esteve entre os dois primeiros colocados desde 1988, o candidato petista Jilmar Tatto anda mal nas pesquisas.

Aparece com 4% das intenções de votos no Datafolha do último dia 22 e 4% na última pesquisa Ibope, de sexta-feira (30).

Dirigentes e ex-ministros petistas disseram, pedindo anonimato, que a previsão é de que o partido não conquiste muito mais que oito prefeituras no estado.

O PT terá candidatos a prefeito em 137 cidades paulistas. Em 109 municípios, a legenda terá apenas candidatos a vereador.

“Teremos um total de aproximadamente 2.900 candidatos a vereadores e vereadoras. Das sete cidades que administramos hoje, teremos candidatos e candidatas em cinco, sendo quatro disputam a reeleição.”, diz Valmir Pracidelli, que comanda o grupo de trabalho eleitoral do PT, em São Paulo.

PT NO PODER

Número de prefeituras conquistadas pelo PT no estado de São Paulo

  • 2000 – 38
  • 2004 – 56
  • 2008 – 64
  • 2012 – 72
  • 2016 – 8

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