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Pré-candidatos passam por sabatina de alunos em escola pública de Sergipe

Estudantes se dividem em ministérios e vão elaborar cartilha com propostas para os políticos

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São Paulo

Alunos de uma escola pública de Aracaju estão sabatinando os pré-candidatos ao Governo de Sergipe, ao Senado e à Assembleia Legislativa estadual.

São 640 estudantes do ensino médio que se dividiram em sete ministérios formados em sala de aula: saúde, educação (inclui cultura), meio ambiente, segurança, infraestrutura, proteção da infância e proteção animal.

Os adolescentes dos 2º e 3º anos perguntam aos políticos quais são suas propostas para problemas observados por eles, como a falta de professores em áreas interioranas, internet insuficiente em ambiente escolar e a falta de policiamento.

Eles também questionam os candidatos a respeito de trabalho infantil, como melhorar o sistema de saúde, como manter as praias limpas e como atrair mais turistas para o estado, entre outros temas.

Desde o início de junho, mais de 30 postulantes a cargos eleitorais já foram entrevistados pelos estudantes, que realizam sabatinas semanais no auditório do Centro de Excelência Atheneu Sergipense, escola do ensino médio integral em Aracaju. Perfeitos também não escaparam dos questionamentos.

A aluna Renata Aragão, 16, sabatina a vice-governadora Eliane Aquino (PT), pré-candidata a deputada federal - Arquivo pessoal

Dentre os sabatinados, já estiveram na escola a vice-governadora sergipana, Eliane Aquino (PT), o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), que deve concorrer ao governo estadual, e a delegada Danielle Garcia (Podemos), que busca uma vaga no Senado.

Em uma hora e meia, o candidato responde a questionamentos em diversas áreas feitos pelos representantes de cada um dos sete ministérios. Em sequência, as perguntas são abertas para a plateia, composta por demais alunos do ensino médio.

Criador do projeto, chamado de POP Atheneu Políticas Públicas, ao lado dos alunos, o professor de sociologia Yuri Norberto, 35, afirma que "é uma grande mentira" que os jovens não se interessam por política.

"Não é que eles não gostam de política, eles não entendem. Quase ninguém se preocupa em falar na linguagem jovem. Aprendi a não subestimá-los. Quando passam a entender como o sistema funciona, eles assumem o protagonismo."

Aluna do 3º ano, Renata Aragão, 16, já fazia parte de outro programa da escola quando o professor a convidou para o POP.

"Amei a linguagem mais dinâmica. Comecei fazendo roteiro das sabatinas e editando vídeos", diz ela, que faz parte do ministério da infraestrutura e também é a primeira-ministra da casa civil.

As aulas a incentivaram a estudar a Constituição em vídeos do YouTube e a ler livros sobre política. Renata também aprendeu como as leis são colocadas em prática.

O POP nasceu quando o professor Norberto notou que os estudantes tinham dúvidas sobre o posicionamento das administrações públicas. Questionavam, por exemplo, o motivo de o estado não resolver os problemas no transporte público, uma questão municipal.

Ou, ainda, o motivo de o governo não cuidar dos animais abandonados ou até como uma amiga que sofreu assédio poderia denunciar. "São problemas em vida na sociedade que eles tinham dúvidas e não sabiam onde reclamar."

O professor entrou em contato com a Enap (Escola Nacional de Administração Pública), do governo federal, para elaborar o material.

Ele montou plano com seis aulas em que abordam temas como a Constituição, diferença entre Poderes, o que é Estado, o ciclo das políticas públicas, além tarefas em que os alunos colocam a mão na massa para propor ações públicas.

Os alunos foram tomando consciência política nas aulas, mas queriam mais. "Eles queriam questionar diretamente os políticos sobre os problemas que acontecem nas suas comunidades ou até com suas famílias, como a falta de remédios", diz o docente.

Os jovens tomaram a iniciativa de entrar em contato com as assessorias dos políticos os convidando para as sabatinas. Grande parte topou ir à escola. "Os alunos queriam falar com eles sem intermediários, é o momento só deles", afirma Norberto.

Theofilo Pinto, 16, aluno do 3° ano, pertence ao ministério da segurança. Ele destaca que o mais importante do projeto é trazer um assunto complexo para uma linguagem jovem.

"Passei a notar como a política afeta nossa vida e as lacunas na sociedade, como a falta de patrulhamento da polícia nos bairros e as políticas públicas existentes."

Theo tirou o título de eleitor para votar nas eleições de outubro, mesmo não sendo obrigatório na sua idade. Ele diz que as aulas foram fundamentais para ajudá-lo a tomar uma decisão mais consciente.

"A juventude quer participar. Quando percebemos os conceitos políticos, não deixamos ninguém nos ludibriar", diz o aluno que participou das sabatinas com candidatos ao Senado e ao governo do estado.

Os alunos passaram a ter participação ativa em suas comunidades. Tanto que já estão compondo cartilha com as problemáticas e soluções discutidas nas sabatinas. Os temas também são levados para a sala de aula. O documento será entregue aos candidatos de todas as esferas.

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