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Amigos de escola se reencontram online e reúnem turma 20 anos depois

Reaproximação, que começou nas redes sociais, já resultou até em casamento e sociedade

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Luciana Alvarez
Lisboa

Eles se conheceram em um colégio de bairro, na zona sul de São Paulo, nas décadas de 1980 e 1990. Alguns frequentaram a instituição desde o berçário até o ensino médio, outros passaram por lá só alguns anos. Depois de sair da escola, cada um seguiu sua vida. Seria o mesmo que acontece com grande parte das turmas de escola. Porém, as redes sociais mudaram o final dessa história.

Da esquerda para a direita: Renato Schouchana, Marina Nagata, Juliana Piazza e Felipe Cardoso. - Keiny Andrade/Folhapress

Em 2004, quando o Orkut chegou ao Brasil, alguns dos ex-colegas se encontraram em comunidades da antiga escola, o colégio Anglo Brasileiro. Depois, migraram para o Facebook, e as redes de conexão se ampliaram, com o algoritmo do site sugerindo possíveis contatos graças a amigos em comum. Mais recentemente, passaram a acompanhar o que os outros faziam via Instagram. Assim, pouco a pouco, os antigos amigos foram se reaproximando.

Até que, em 2015, um encontro ao acaso acelerou o processo de reencontro da turma. "Eu estava na maternidade para ver minha sobrinha recém-nascida e cruzei com um antigo amigo de escola, o Eduardo Melo, que estava lá por causa do nascimento do terceiro filho. Foi tão legal! Daí veio aquela vontade de reencontrar a galera", lembra o publicitário Renato Schouchana, 38.

Melo, 38, começou a chamar para um chat de grupo no Facebook todos os ex-colegas com quem ele tinha contato. Juntou tanta gente que eles acharam que seria mais fácil criar um grupo no WhatsApp.

Cada um que entrava no grupo ia trazendo mais alguém e, em poucos meses, a classe estava completa. "O grupo chegou a ter 45 pessoas, mas algumas foram saindo. Agora estamos em cerca de 30", conta Juliana Piazza, 37, servidora pública.

As conversas reacenderam a vontade de um reencontro pessoal, que aconteceu em janeiro de 2016, no bar de um dos membros do grupo.

Na época, Piazza morava em Sorocaba (a 100 km da capital), mas fez um esforço para ir a São Paulo rever os velhos amigos. "Todo mundo fez muita força para conseguir se reencontrar", diz. O primeiro happy hour rendeu até duas da manhã.

Até o início da pandemia, a turma conseguiu marcar dois encontros por ano. Para a advogada Juliana Suter, 38 anos, mesmo com as conversas online, ver os amigos pessoalmente é essencial. "Um dos riscos das redes é a gente se contentar com elas."

Embora não se considere uma grande entusiasta de grupos de WhatsApp, ela garante que valeu a pena entrar no grupo da turma da escola. "Estava em viagem quando me adicionaram e, de repente, tinha mais de mil mensagens. Mas comecei a ler e foi uma delícia; dava risada sozinha ao relembrar as histórias", diz.

Segundo Suter, no grupo há duas categorias de pessoas: as que se lembram de tudo e as que não se lembram de nada. "Eu sou uma daquelas que lembra tudo. É muito gostoso ver que outras pessoas que viveram aquelas situações também guardaram tudo na memória, que se recordam dos momentos do mesmo jeito que você."

Desde a reaproximação, os antigos colegas criaram novas conexões. Schouchana ganhou um sócio, Rafael Prada, 39, um dos membros da turma, com quem montou uma produtora de podcasts. "A gente se aproximou, descobriu muitas afinidades, pessoais e profissionais", conta Schouchana.

Até casamento já saiu do grupo. O casal teve um filho, mas separou-se recentemente.

Um momento difícil para a turma foi a morte de uma das colegas, em 2018, por causa de um câncer. "Era uma amiga muito querida; ela foi em todos os nossos encontros. Até no último, quando ela já estava em tratamento, foi de lenço na cabeça. Foi bom ter reencontrado alguém que a gente gostava tanto e poder estar presente na vida dela ao menos pelos últimos dois anos", afirma Piazza.

Na pandemia, as donas do colégio Anglo Americano acabaram decidindo encerrar as atividades da instituição e vender o imóvel, na Vila Clementino, que foi demolido para dar espaço a um prédio residencial. Os laços daqueles que estudaram lá há mais de 20 anos, porém, continuam de pé.

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