Os endereços de Brasília parecem coordenadas de um jogo de batalha naval. “SQS102!” “Água!” “CLN315!” “Afundou meu submarino!”

A planta do Plano Piloto intimida o forasteiro. Não existem bairros, mas dois gigantescos setores (Asa Norte e Asa Sul) repartidos em quadras quase idênticas. 

Os prédios-caixote também são parecidos entre si. O que diferencia as quadras é a natureza do comércio: numa há uma dúzia de funerárias, outra concentra as lojas de ferragens em encanamentos.

Não há esquinas. Logo, é impossível beber uma cerveja no boteco da esquina. É possível ser feliz num lugar assim?

Calma. Existe cerveja em Brasília. Também existem botecos. Apesar da ausência de esquinas, muitos são bons. Difíceis de encontrar, porém.

A solução é ter um morador de Brasília a tiracolo. Os residentes possuem um software mental que localiza qualquer birosca em questão de segundos. O programinha analisa o código alfanumérico do endereço e aponta a direção —mil vezes melhor do que o Waze.

Só sendo um local, por exemplo, para achar o Amigão Bar —espelunca que se autodenomina “o melhor botequim da cidade”. Foi o primeiro endereço que Gil Guimarães, mineiro residente em Brasília, apresentou para mim.

O Amigão fica em um setor misto da Asa Sul, ao lado de outras lojinhas feias e de frente para um prédio residencial tão quadrado quanto qualquer outro em Brasília. O que o tornaria tão especial?

“Tem o melhor garçom de Brasília”, afirma Gil, dono de restaurantes em Brasília e em São Paulo. Ele se refere ao goiano José Fernando Delano da Silva, que atende nossa humilde mesa de plástico. “Quem conhece o Fernando recebe o melhor atendimento do mundo. Ele até cozinha para você, se pedir com jeitinho.”

O amigão Fernando vai para o fundo do botequim e volta com comida. Batatas chips crocantes e sequinhas (R$ 18). Um rosbife suculento, fantástico (R$ 33, a meia porção). Bolinhos feitos com a carne ensopada do almoço (R$ 8,50), nota dez. Na terceira cerveja, passo a acreditar em Gil.

Ele me conduz ao Pauliceia, também na Asa Sul, mais simplório ainda. O salão tem engradados de cerveja empilhados onde há espaço. O bufê de alumínio do almoço por quilo domina o corredor da entrada. Tudo fica mais simpático no gramado dos fundos.

A ocupação do espaço público também é peculiar em Brasília. Os prédios, sem área própria de lazer, são cercados de jardins. Bares e restaurantes instalam mesas e cadeiras nessas áreas. Ninguém reclama, já que não atrapalham.

O Pauliceia coloca até uma churrasqueira no jardim. Dela sai uma ótima kafta, bem temperada e grelhada ao ponto. A companhia ideal para uma cerveja gelada. O boteco tosco se transforma numa agradável churrascada de quintal.

O jardim dos fundos também salva o ambiente do Faisão Dourado, outro bar da Asa Sul, situado numa quadra especialmente sem charme. Quando a poluição visual da rua desaparece, você relaxa. Bebe enquanto espera a fome chegar. Você vai precisar dela para vencer os pratos da casa.

O Faisão Dourado serve o almoço mais bruto do Distrito Federal. A mistura pode ser filé mignon, picanha, carne de sol, frango, fígado ou lombo (de R$ 57 a R$ 80). Ela chega sob uma camada de cebola e alho na chapa. Acompanham arroz, feijão, batata frita, farofa e vinagrete. Um monstro.

Brasília também tem seus bares turísticos. O mais famoso deles é o Beirute, com unidades nas duas asas do Plano Piloto. Não vá com expectativas gastronômicas —o cardápio extenso não empolga.

A brincadeira no Beirute é outra, observar a fauna humana enquanto beberica. São estudantes, funcionários públicos, hippies velhos vendendo miçangas, funcionários de embaixadas, visitantes tão deslocados quanto você.

O “people watching” fica ainda mais interessante no chamado Baixo Asa Norte, setor botequeiro adjacente à UnB (Universidade de Brasília). São mais ou menos 30 bares de todo o tipo, segundo Gil.

Na região, há pés-sujos baratos, que vendem cerveja de litro para os calouros, e bares de cerveja artesanal, para quem já faz um dinheirinho.

E há lugares de clima alternativo e comida tradicional de botequim, com punk rock na caixa de som, cerveja gelada, garçonete trans fantasiada de Batman e bolinhos de carne. O fervo começa após o pôr do sol e vai noite adentro. Para o turista, a grata surpresa é que a vida noturna da capital vai além das conversas suspeitas nos porões dos palácios.

Pacotes de viagem para Brasília

R$ 390
2 noites em Brasília, no Comfort Suites 
Valor inicial de tarifa para final de semana, de sexta a domingo, dos meses de novembro e dezembro. Não inclui taxas. Com café da manhã. Sem aéreo

R$ 810
2 noites em Brasília, na Flytour MMT 
No Fusion HPlus Express, em quarto duplo, com café da manhã, seguro-viagem e traslados. Sem aéreo

R$ 848
2 noites em Brasília, na Top Brasil Turismo
Valor de hospedagem em quarto duplo no Comfort Hotel Taguatinga. Inclui café da manhã e aéreo a partir de São Paulo

R$ 950
3 noites em Brasília, na Expedia 
Pacote entre os dias 23 e 26 de novembro no Sia Park Executive Hotel, sem café da manhã. Com aéreo a partir de Guarulhos (SP)

R$ 1.083
5 noites em Brasília, na Maringá Lazer 
Preço de pacote entre os dias 28 de dezembro de 2018 e 2 de janeiro de 2019 no hotel Blue Tree Premium Jade. Inclui café da manhã e aéreo a partir de São Paulo

R$ 1.266
5 noites em Brasília, na CVC 
Hospedagem no Imperial Plaza Hotel em quarto duplo e com café da manhã. Inclui passagem aérea a partir de São Paulo

R$ 1.420
3 noites em Brasília, no hotel Royal Tulip 
Pacote de Ano-Novo, com entrada em 29 de dezembro e saída em 1º de janeiro. Estada em quarto individual, com café da manhã e entrada na festa de Réveillon. Sem aéreo

R$ 1.708
3 noites em Brasília, na RCA Turismo 
Viagem entre os dias 27 e 30 de novembro, com estada no Airam Brasília Hotel. Com café da manhã, city tour, traslados e aéreo a partir de São Paulo