Descrição de chapéu Saiu no NP

1990: Restaurante vendia carne de cachorro como recheio de pastel

O proprietário do estabelecimento, um chinês, agia com o pai e um primo

Mulher segura cachorro em frente ao restaurante "Rainha da Praça", em Santos (SP)
Mulher segura cachorro em frente ao restaurante "Rainha da Praça", em Santos (SP) - José Luis da Conceição - 12.jul.1990/Folhapress
Banco de Dados
São Paulo

Em 14 de julho de 1990, o Notícias Populares destacou um episódio incomum ocorrido no restaurante Rainha da Praça, na praça dos Andradas, no centro de Santos (SP).

De propriedade do chinês Tan Jin Liang, o restaurante servia uma iguaria pouco convencional no ocidente: carne de cachorro, que era vendida como recheio de pastel e sem o conhecimento dos clientes. 

Quem descobriu a “cachorrada”, conforme relatou o repórter Luís Augusto Monaco, foi o microempresário Odeval Lira de Assunção, dono de uma confecção que funcionava no andar de cima do estabelecimento.

Odeval contou que estava passando roupas quando ouviu uma pancada seguida de um ganido. “Cheguei à janela e vi uma cena horrível: os chineses tinham acabado de matar um cachorro e se preparavam para cortá-lo”, disse.

Capa do Notícias Populares de 14 de julho de 1990 destaca caso do restaurante que vendia carne de cachorro
Capa do Notícias Populares de 14 de julho de 1990 destacou caso do restaurante que vendia carne de cachorro - Folhapress

O empresário contou ainda ter visto o momento em que o pai e um primo de Liang colocaram os pedaços do cão num tacho com água para limpar o sangue. “Aí eu percebi o que eles estavam aprontando e chamei a polícia, que chegou em 15 minutos e os pegou com a mão na massa”.

O costureiro seguiu dizendo que "deviam servir cachorro há muito tempo" no local. A demora pela denúncia, segundo ele, é explicada por causa do barulho da sala onde funcionava a confecção. Quando as máquinas de costura estavam ligadas, "não dava para escutar nada". Mas neste dia, uma sexta-feira, elas estavam desligadas e ele conseguiu flagrar a ação dos chineses. 

Com o restaurante interditado, a polícia apreendeu dois facões, um porrete e um aparelho de barbear, que, segundo os agentes, seria para tirar o pelo dos cães. Os restos de alimentos encontrados no local foram encaminhados para análise no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.

Na delegacia, irritado com o impasse, Yang contou que preparava a carne para a família, e não para os clientes. E deixou clara a sua opinião sobre o cardápio. “Brasileiro é burro. Não sabe como a carne de cachorro é gostosa”, afirmou.

CADELA SERIA CÚMPLICE NO CRIME

Conforme relatos de outras testemunhas, o dono do "Rainha da Praça" usava uma cadela para atrair os cães para o abate. A fêmea tinha cinco filhotes, que foram apreendidos pela polícia.

Outra informação apurada dizia respeito a demissão de uma cozinheira um mês antes da ocorrência. No último dia de expediente, a funcionária teria gritado “assassinos!” para os chineses.

Yang, seu pai e seu primo, que estavam havia oito anos no Brasil, foram indiciados no artigo 64 da Lei das Contravenções Penais, que trata da crueldade contra animais.

Colaborou Cláudio Sabino

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