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03/02/2012 - 09h08

Por falar em dinheiro

IVAN LESSA
COLUNISTA DA BBC BRASIL

Ninguém me falou nada sobre dinheiro. Parece que corre um mito de que é só falar no bruxo que ele aparece. Ando necessitado.

Estratagemas. Aqui no Reino Unido, recessões à vista, ou a prazo, só se discute nos jornais o que os banqueiros andaram fazendo nos e com os bancos há alguns anos. Lá por volta de 2008, digamos.

Pelo que entendi não foi uma beleza. E a coisa ultrapassa fronteiras como as fashion weeks. O mundo inteiro levou uma fubecada em ré maior.

Menos, desnecessário dizer, os ilustres senhores banqueiros.

Nunca se falou tanto em dinheiro, nunca houve tanto dinheiro para gastar. No papo das rodas da plebe rude, nos clubes exclusivos dos financistas. Só que gostoso mesmo é com o time que lida com as economias dos outros.

O assunto da semana por estas bandas foram dois banqueiros.

Banqueiro um: Stephen Hester, figurinha que vocês nunca tiveram o azar de ouvir falar, mas não saiu das primeiras páginas de tudo que quiserem, primeira página até de microblog ou televisão.

Stephen Hester, como a BBC Brasil noticiou, é o diretor do Royal Bank of Scotland (RBS). O qual, para não quebrar, passou 84% de seu filé mignon para o governo conservador de David Cameron, que, agora, está envolvido até a alma na tertúlia.

Tudo porque Stephen Hester ia pegando serenamente um bônus de quase um milhão de libras (cerca de R$ 2.7 milhões).

Forças ocultas e abertísssimas fizeram com que o cavalheiro em questão (não, ninguém viu ninguém com pistola apontada para sua nuca) abrisse mão do que, para ele, sabe-se, seriam apenas mais uns trocados para as verduras.

Hester, como tantos outros banqueiros, continuam a celebrar com rituais estranhos (gastar é uma espécie de candomblé exclusivo) as molecagens que varreram o globo bancário terrestre em 2008.

O que nos leva mole, mole ao banqueiro número dois acima mencionados: "sir" Fred Goodwin.

E o título de cavaleiro vai entre aspas pois, também nesta semana, ele foi destituído da honraria e condecorado com a nova sinalização gráfica das aspas. Voltou a ser apenas o velho Fred, também do RBS (qual é a desse banco, afinal?), devido às velhacarias (eles que dizem) que andou fazendo quando de sua diretoria do estabelecimento financeiro em questão.

Foi feito "si" por fazer o que fazia e desfeito pelo mesmo motivo. Discute-se aqui pela imprensa se é justo ou não surrupiar-lhe, e de outros malandros (Robert Mugabe, o falecido Ceausescu) o maroto "sir" conquistado. Os britânicos são engraçados. Não sabem se casam ou se comprarm uma bicicleta, como diziam as tias.

Banqueiro é assim mesmo, afirmam as pessoas vividas e com mais de 10 salários mínimos na poupança. Dinheiro dá um troço neles. Viram lobisomens.

Do outro lado, onde a vida também é boa, e o dinheiro manda, temos mais dois assuntos. Eleição nos Estados Unidos e vestido de mulher bonita. Ambas saem por uma nota alta ao que parece.

Neste canto, o candidato a candidato presidencial Milt Romney, milionário que paga pouco mais de 13% dos muitos zilhões que fatura por ser... por ser Milt Romney, uai!

Milt, sejamos íntimos, como gostam aqueles que querem ser eleitos, gastou 9 milhões de dólares em propaganda política numas poucas semanas.

Não acham despropósito nos EUA, onde ficar alguns quinquilhões de dólares no vermelho é prova até de bom gosto.

Como o outro candidato republicano, Newt Gingrich, que, ainda nesta semana, propôs fazer da Lua o 51º. Estado norte-americano a preço de ocasião: apenas US$ 150 bilhões. Tem gente entusiasmada com a proposta. Juro.

Nisso tudo prefiro o glamour de Hollywood. A atriz Charlize Theron compareceu a uma cerimônia de entrega de prêmios, a dos Globos de Ouro, com um costume que lhe saiu, ou a um grande amigo, pela pechincha de US$ 8 milhões. E ainda não se sabe o que Charlize aprontou para a atapetada vermelha da ocasião.

Por fim: e nosso Carnaval? Ainda tem aqueles banqueiros gente boa bancando escolas e fantasias "de luxo"? O espírito de Clovis Bornay continua vivo?

Já que estamos nadando em dinheiro, como espalham, iremos à Lua ou ficaremos lá pelo estado da Flórida nos EUA, como virou mania?

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