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Venezuela anuncia racionamento para conter crise energética
CLAUDIA JARDIM
DA BBC BRASIL, EM CARACAS
Em meio a uma nova crise energética que afeta o país petroleiro, o governo da Venezuela lançou, nesta segunda-feira, um pacote de medidas de racionamento elétrico que prevê a aplicação de multas para quem não economizar energia e descontos na conta dos consumidores residenciais que reduzirem o consumo.
As medidas de racionamento estabelecem que empresas, comércios e o setor público deverão recortar o gasto mensal em 10% em relação ao consumo de 2009 e deverão instalar capacidade de geração elétrica próprias. As multas para quem não respeitar o racionamento podem alcançar até 200% do total do gasto em eletricidade.
Já os consumidores residenciais que economizarem entre 10% e 19% receberão um desconto de 25%, e, para aqueles que economizarem mais de 20%, o desconto será de 50% sobre o total da conta.
"Não são [medidas] para limitar o direito à energia elétrica, e sim para evitar seu uso inadequado e excessivo, para garantir o abastecimento seguro e estável", afirmou o vice-presidente venezuelano Elias Jaua ao anunciar o pacote para conter a crise.
O anúncio das medidas ocorre depois que uma explosão em uma subestação de energia no Estado petroleiro de Zulia provocou um apagão em quatro Estados venezuelanos no fim de semana.
DESPERDÍCIO
O ministro de Energia Elétrica, Alí Rodríguez, atribui a escassez de eletricidade ao "desperdício típico" que marca a sociedade venezuelana e ao incremento da demanda. De acordo com o governo, a demanda máxima em 1999 era de 10.800 megawats (mw). Para este ano, a expectativa é de que o consumo alcance 18.500 mw.
O ministro de eletricidade também admitiu, no entanto, que não há uma "cultura de manutenção" da infraestrutura instalada no país, o que teria ocasionado o desperdício de mais de 7.000 mw da rede elétrica.
O pacote de racionamento obriga ainda o uso de lâmpadas fluorescentes em outdoors e fachadas luminosas, mas determina que elas fiquem acesas apenas entre 19h e meia-noite.
A oposição atribui a crise a falhas de gestão e planificação. Para Roberto Henriquez, presidente do partido conservador COPEI, "o problema de geração já deveria estar resolvido (), não é verdade que os cidadãos tenham a culpa", afirmou.
Para o próximo ano, o governo promete adicionar ao sistema elétrico nacional pelo menos 9 mil MW, entre instalações novas e manutenção de geradores que estão paralisados.
De acordo com Agência Internacional de Energía (AIE), Venezuela é o segundo maior consumidor per capita da América Latina, com mais de 3 kw por hora, ficando atrás apenas dos chilenos, que consumem mais de 3,327 kw por hora.
No ano passado, uma crise semelhante, ocasionada pela forte estiagem que castigou o país, levou o governo a aplicar medidas de racionamento elétrico em todo o país, deixando alguns Estados sem luz durante seis horas diárias.
O apagão teria afetado a popularidade do presidente venezuelano Hugo Chávez e, de acordo com analistas, foi um dos fatores que impediu que o chavismo conquistasse a maioria absoluta do Parlamento nas eleições legislativas seguintes.
Desta vez, a crise vem à tona enquanto Chávez continua internado em Cuba, depois de ter sido submetido a uma cirurgia de emergência para retirada de um abscesso pélvico. Ainda não há data prevista para o retorno do presidente a Caracas.
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