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Análise: Ação europeia contra especulação pode ter efeito oposto
DA BBC BRASIL
Há um risco de que a proibição temporária de vendas a descoberto de ações, que entrou em vigor na França, Itália, Espanha e Bélgica nesta sexta-feira, gere o efeito oposto ao esperado.
Venda curta, ou a descoberto, é quando um investidor vende ações que não possui de uma empresa, na esperança de que os preços vão cair e as ações possam ser compradas de volta por menos, gerando lucro.
A modalidade é considerada uma aposta agressiva na queda das ações.
A proibição temporária anunciada na quinta-feira ocorre após grandes quedas nos preços das ações de bancos europeus, especialmente italianos e franceses. Na quarta-feira, as ações do gigante francês Société Générale chegaram a cair 20%.
Quedas desta magnitude podem abalar a confiança de quem empresta para os bancos, pondo em risco a viabilidade das instituições financeiras. Assim, uma proibição temporária pode ser vista como medida sensata, se esta reduzir a volatilidade dos preços das ações.
Mas se a proibição for vista como uma medida adotada por autoridades europeias em pânico para dar fôlego para instituições financeiras que não estão fortes como deveriam ser, investidores que costumam colocar dinheiro em bancos sentiriam pressão ainda maior para remover o apoio a estes bancos.
Há três outros motivos pelos quais uma proibição pode não funcionar:
1) Não está claro que a queda nos valores das ações dos bancos foi causada por especuladores em vendas a descoberto em vez de por investidores convencionais.
2) Em outros locais, quando as vendas a descoberto foram proibidas, a medida causou um aumento da volatilidade, ou seja, o oposto do que se queria, porque ela acaba reduzindo a atuação de instituições, como fundos hedge. Em outras palavras, a disponibilidade de dinheiro para compras e vendas é reduzida nestes mercados.
3) A proibição atinge as vendas a descoberto apenas em França, Itália, Espanha e Bélgica. Mas as ações dos bancos relevantes são comercializadas também em mercados internacionais, como de Londres ou Wall Street, onde a prática é permitida. Portanto, a medida não impediria que fundos hedge comercializem em vendas a descoberto ações destes bancos.
Há ainda uma passagem história pouco animadora:
Em setembro de 2008, a Grã-Bretanha proibiu temporariamente vendas a descoberto de bancos e instituições financeiras. Em dias, o banco Badford & Bindley faliu e foi nacionalizado. Em meados de outubro, o contribuinte britânico socorreu o Royal Bank of Scotland e o HBOS/Loyds.
Poucos argumentariam que os bancos da zona do euro estão tão fracos como muitos estavam em 2007 ou 2008.
Mas os precedentes sugerem que banir vendas a descoberto não altera os fundamentos da economia.
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