A partir desta sexta-feira (1º), o público terá a oportunidade de assistir no cinema a filmes do ator Milton Gonçalves, morto aos 88 anos em maio, em mostra gratuita no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Bela Vista, em São Paulo.
Serão exibidos quatro longas do ator, sempre às sextas-feiras, às 19h: ‘Natal da Portela’ (1988), ‘Carandiru’ (2003), ‘A Rainha Diaba’ (1974) e ‘Eles Não Usam Black-Tie’ (1981).
Além da homenagem ao ator, o cine-teatro, uma iniciativa do Centro Popular de Cultura da Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas) de São Paulo, mantém atualmente uma mostra permanente de cinema italiano.
Vitor Solemar, curador da mostra, diz que a escolha do nome de Gonçalves se conecta com o espírito do cine-teatro e da Umes.
"Antes de decidirmos pela homenagem, li textos dos filhos de Milton que falam do legado dele. E isso tem ligação direta com o que trazemos para o movimento estudantil. Em um deles, a filha de Milton diz que ele era um homem de estudos, que sempre se dispôs a se desenvolver como ator e ser humano. E o filho Maurício citou a luta de Milton pelo reconhecimento dos atores negros na dramaturgia brasileira", afirma.
Os quatro filmes, diz Solemar, mostram a versatilidade de Gonçalves. "Foram 70 anos de carreira, 40 novelas e quase cem filmes, com trabalhos muito marcantes. Ele era um ator muito versátil. Cada personagem tem características únicas."
De acordo com o curador, a ideia original era exibir todos os filmes em 35 mm, mas o cine-teatro conseguiu apenas a cópia de ‘Natal’ neste formato. "Ela está excelente estado, será uma grande oportunidade de ver um filme do cinema nacional com qualidade de som e imagem muito boa", diz.
Serviço
Cine-Teatro Denoy de Oliveira
Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista
Retirada de ingresso uma hora antes das exibições. 97 lugares
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO
Natal da Portela (1988), de Paulo César Saraceni
1° de julho, às 19h
Milton Gonçalves interpreta o personagem título na cinebiografia do bicheiro e patrocinador da Portela. "É um protagonista muito forte do Milton. No longa, o pai do Natal é interpretado por Grande Otelo, o que significa uma passagem de bastão de um grande ator para outro grande ator, de pai para filho", analisa Solemar.
Carandiru (2003), de Hector Babenco
8 de julho, às 19h
No mosaico de histórias de presos filmado por Babenco, Gonçalves é o detento que busca receber a visita da família. "Na primeira cena em que aparece, o olhar de Milton já conquista o público. É impressionante o quanto intimista ele consegue ser e os sentimentos que expressa. É o que deixa o personagem tão marcante", avalia o curador.
A Rainha Diaba (1974), de Antonio Carlos Fontoura
15 de julho, às 19h
Para Solemar, o longa é transgressor e importante para a cinematografia nacional. "Ele simboliza muito bem a luta do Milton pelo reconhecimento", diz. Na trama, o ator interpreta a personagem título, homossexual que comanda o tráfico de drogas em uma região do Rio nos anos 1970.
Eles Não Usam Black Tie (1981), de Leon Hirszman
22 de julho, às 19h
O clássico do cinema brasileiro retrata os conflitos do sindicalista Otávio (Gianfrancesco Guarnieri) com o filho Tião (Carlos Alberto Ricelli), que se recusa a participar da greve na fábrica em que trabalham. Gonçalves é Bráulio, um dos líderes da paralisação, e amigo próximo de Otávio. "É um personagem forte, que luta por direitos, pelo o que é certo, não importa o quanto difícil seja, o que o conecta aos movimentos estudantis", diz Solemar.
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