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Presidente de ONG faz caminhada até Aparecida por adoção de animais

Cães abrigados com a Cão Sem Dono foram exibidos em camisetas durante quase 200 km de romaria

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A grande procura por pets para adoção, frequente no começo da pandemia, se tornou escassa. Com o abrigo lotado, pedidos de resgate chegando a todo momento e sem conseguir fechar as contas, a ONG Cão Sem Dono, que atua em São Paulo, decidiu que era preciso fazer algo para chamar a atenção para a causa animal.

O presidente, Rafael Miranda, procurava alguma coisa diferente para divulgar seus cães e incentivar novas adoções. Pensou em exibir uma faixa em semáforo na Paulista, mas optou por uma caminhada pelos animais até Aparecida.

A peregrinação de quase 200 km durou uma semana, até esta segunda-feira (21), com a chegada ao santuário. Durante o trajeto, Rafael e a esposa, Letícia Nogueira, usaram camisetas com estampas de cães para adoção e exibiram bandeiras da ONG.

Junior, 2, um dos animais da Cão Sem Dono para adoção
Junior, 2, um dos animais da Cão Sem Dono para adoção - Divulgação

Rafael conta que foram muitos cães doados no começo da pandemia, quando as pessoas estavam confinadas, queriam companhia e tinham mais tempo para os animais. Mas o quadro mudou quando muitas pessoas ficaram sem trabalho com a crise.

Com as restrições, eventos de adoção foram paralisados. E, aliado a tudo isso, mutirões de castração acabaram suspensos, o que contribuiu para o aumento de cães abandonados.

Nesse período, sem conseguir doar, ONGs ficaram ainda mais lotadas, ao mesmo tempo em que perdiam arrecadação de doações. "Como investir em adoção se a gente não tem recurso?"

O abrigo da Cão Sem Dono, que já chegou a ter 500 animais, hoje tem cerca de 400. A ONG parou de resgatar cães por falta de dinheiro. São aceitos apenas animais que cheguem com padrinho responsável por custear todos os seus gastos.

"Tudo aumentou: a ração, os medicamentos, o atendimento veterinário, e a gente não tem condição de arcar com isso. Então, a gente parou de recolher cachorro, de resgatar. Infelizmente a gente é obrigado a fechar os olhos porque não tem condições. Fora que a gente não consegue doar", afirma Rafael.

Rafael Miranda e Leticia, da Cão Sem Dono
Rafael Miranda e Leticia, da Cão Sem Dono, ao chegar a Aparecida - @caosemdono.oficial no Instagram

A reportagem conversou com o protetor no sábado (19), quando ainda faltavam aproximadamente 30 km para a dupla concluir o percurso até Aparecida.

O cansaço, bolhas nos pés e dores no corpo incomodavam, mas havia um elemento a mais naquele sexto dia de caminhada: o psicológico. Segundo ele, o apoio intenso recebido nos primeiros dias ajudava a seguir com mais leveza.

"A dor é intensa, mas o psicológico é o que pesa mais", disse.

Nesta segunda, já em Aparecida, Rafael afirmou que a peregrinação não se tratava de uma promessa, mas um desafio pessoal "com o propósito de conseguir as adoções, conseguir que os animais tenham direito a uma família e que não fiquem o resto de suas vidas presos em um abrigo".

E comemorou a missão cumprida. "Chegamos aqui às 14h", disse à reportagem, por mensagem de áudio.

Para a romaria, ele pesquisou as dificuldades e encontrou histórias de superação.

O preparo físico era uma preocupação. Antes da partida, como teste, o casal fez uma caminhada ainda em São Paulo: 3 km em 1 hora.

A dupla fez a peregrinação a partir de Mogi das Cruzes (Grande SP), trajeto considerado mais seguro por evitar muitos trechos de rodovia. Com o cansaço, dores e inchaços apareceram no terceiro dia.

Com isso, o peso da mochila —inicialmente de 28 kg— precisou ser considerado. Peças de roupa e equipamentos foram deixados para trás. Sem carro de apoio, a dupla contou com a ajuda de um funcionário da ONG, que a cada dois dias ia ao encontro deles para levar roupas limpas e levar as sujas.

Apesar das dificuldades, Rafael disse estar animado com o resultado da caminhada, que ajudou a elevar o número de seguidores da ONG nas redes —o que pode significar mais chances de um animal ganhar um lar.

"[Agora é] Torcer para que um milagre aconteça e que a gente consiga doar uns 15 a 20 animais, pelo menos, os que mais precisam, mais idosos", afirmou.

Cães idosos, de porte grande e de cor preta são os que mais sobram nos abrigos. Rafael estima que há animais há mais de seis anos em seu sítio à espera de uma família e que costumam ser rejeitados pela aparência ou idade —e consequente atenção que esses peludos demandam.

A Cão Sem Dono é apenas uma entre ONGs e protetores independentes que enfrentam dificuldades e têm abrigos lotados. Enquanto Rafael e Letícia chegavam ao santuário, a organização divulgada duas campanhas: para compra de ração e por cobertores para os peludos abrigados em seu sítio.

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