Muito mais do que objetos para se sentar, os bancos carregam grande simbologia para os indígenas e traduzem detalhes de sua cultura e arte. Obras de 44 etnias estão na exposição "Bancos Indígenas do Brasil’, em Curitiba.
São 205 peças repletas de identidade e história. A mostra, que já passou por São Paulo e Japão, estará também no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso.
Nas peças, a arte dos povos do Xingu, no Mato Grosso, e de várias regiões da Amazônia, como Acre, Pará, Tocantins, Maranhão, Roraima, Amapá e Amazonas. Povos do sul também estão representados, com obras da etnia xokleng, presentes no Paraná e em Santa Catarina .
Os bancos são utilizados em cerimônias e rituais de pajelança e de passagem, em momentos ritualísticos, além de servirem como presentes, explica o curador da exposição, Tomas Alvim.
"Ele extrapola um objeto para sentar, carrega uma simbologia e diversos usos em momentos muito específicos nessa cultura", conta. "É uma força de representação muito potente."
Alvim destaca a diversidade cultural observada na construção das peças. "Cada um tem sua identidade, seu grafismo, seu formato de criação, que carregam um Brasil estético, harmônico e equilibrado com a natureza."
Sob este olhar, Alvim diz que a qualidade na concepção e a sustentabilidade no resultado dos bancos mostram uma arte contemporânea, com reproduções naturalistas, grafismos regionais e a mesma tinta que pinta corpos. "Os indígenas foram os primeiros designers brasileiros", fala.
Marisa Moreira Salles, também curadora da exposição, reforça a beleza das formas, cores, grafismos e texturas encontradas nas peças, escolhidas entre o acervo de 700 obras, pertencentes à Coleção BEĨ.
"Deixamos de olhá-las como arte tribal para olhar por trás delas, o indivíduo, o artista, suas linhas", observa. "Esta exposição é um reencontro com a origem muito simples e bela do que entendemos como brasileiro."
Ela lembra que as etnias contam histórias dos mitos, das crenças, das alegrias e tristezas daquelas tribos por meio de seus bancos, que também podem ser utilitários. "Vemos nosso modernismo nesta simplicidade e grafismos", conclui.
Exposição "Bancos Indígenas do Brasil"
Quando: até dezembro de 2022
Onde: MON (Museu Oscar Niemeyer), em Curitiba
Ingressos: R$ 15 e R$ 30
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