Artistas não mudam de profissão. Seguem com a força adquirida pela prática do ofício onde quer que estejam. Naturalmente, nessa pandemia a necessidade faz com que se incorpore outras funções. Imagina-se que um trapezista utilize sua força e fazendo uso da habilidade conquistada em anos de treino, agora pode seguir temporariamente ajudando a construir casas ou fazendo pães, singrando os ares da imaginação. E ao entoar o mantra fé e esperança, segue acreditando que o picadeiro é o seu lugar. O sustento, ainda que vulnerável, segue como desafio do cotidiano.

‘Pantera’

Atores Denise Assunção e Alexandre Borges

Pianista Tiago Mineiro

Trocam poesias, gingas e olhares, se embrenham pela iluminação. Imaginativos... se esbaldam entre os instrumentos:

- " Tenho tanto sentimento que é frequente persuadir-me que sou sentimental. Mas reconheço ao medir-me que tudo isso é pensamento , que não senti afinal. Temos ... Todos nós que vivemos, uma vida vivida e outra vida que é pensada. A única vida que temos é essa que é vivida entre a verdadeira e a errada. Qual porém é a verdadeira? Qual é a errada? Ninguém nos saberá explicar. E vivemos de maneira que... A vida que a gente tem é que tem que pensar. O que sentimos, não o que é sentido, (pisca) é o que temos. Claro. O inverno triste como a sorte, o acolhamos. Aja inverno na terra...não na mente. O amor é amor. O livro é livro. Amemos. Amemos nossa caveira breve".

Letrados. Muito bem vestidos.

Alegres, musicais.

Acessibilidade

Cena de teatro musical. Cantora empunha microfone e sorri para o pianista que sem deixar as mãos à mostra sugere que dedilha o teclado de piano de cauda. Ela parece flertar com o músico. Toca seu rosto. Ele usa máscara de proteção e fones de ouvido. Aparentemente ela entoa uma canção. Adornos em combinação com o vestido. Colar com contas de diferentes formas e tons. Brilhos no brinco. Estampa no lenço que dá acabamento ao penteado. Ambos são observados por homem de terno e chapéu que aparece de costas e de esguelha em atitude cordial. Ao fundo da imagem uma cortina com pregas irregulares. Encarnado e caprichoso nas cores do cenário.

‘Partida’

Atrizes: Inez Viana e Denise Stutz

Enredos de peças entrelaçadas:

- " Epílogos. Pesadelos à beira mar".

Cartas que não acusam recebimento.

Acessibilidade

Atrizes compartilham de ligares vizinhos numa plateia vazia. A mulher da esquerda usa blusa listrada na horizontal em tons contrastantes, Caso de manga comprida e saia lisa tecido sem padronagem de cor neutra. Cruza as pernas, volta seu corpo e a atenção para sua interlocutora. Outra atriz com blusa de mangas longas, decote "V"e calça comprida em tecido liso e fosco. Olha para a câmera ao falar. Ambas estão sentadas.

Liturgias, misericórdias. Epifanias.

Rompimentos viram enredo.

Cena on-line. Inspiração em Italo Calvino.

Sacroprofana comunhão teatro/cinema.

Acessibilidade

Carta escrita à mão livre . Caligrafia regular com letras espaçadas e arredondadas. No curso das linhas, algumas rasuras. Detalha a emoção do encontro presencial entre expectador na plateia e ator no palco durante uma encenação:

- "Imagino que cada um dos presentes na plateia vê o desenrolar da história em absoluta solidão". Escrito nos baixos do quadro, como uma legenda de tradução: - "Baseada em fatos reais".

‘Pequopod’

Atores Rebecca Leão e Fernando Castioni

Espaço confinamento cabine de barco.

É possível atracar em alto mar?

Escotilhas. Friagens. Naufrágios.

Nem tudo é azul.

O ranger da porta. Silêncios. Esperas:

- "Você já aprendeu a beber"?

Particularidades esquecidas:

- "Não é uma visita social".

Grunhidos. Animosidades. Epílogos.

Acessibilidade

Imagem que remete ao universo dos oceanos. De tom predominante ao azul associado ao fundo do mar. Ao centro porta com escotilha redonda no fundo. Atriz na penumbra aparece entre o detalhe cenográfico que simula embarcação e a silhueta escura de um homem em alusão direta às imagens recorrentes de os velhos lobos do mar. Contexto denso cheio de violências verbais. Essa imagem reporta a essa atmosfera.

‘Periferida’

Elenco Coletivo Acuenda

Vozes imperativas. Ameaçadas:

- "Nos outros espelhos, eu estaria cortada, enforcada, apedrejada, violentada, sangrando, morta".

Diversidade. Ativismos.

Rolezinhos. Ocupações.

Câmera carne. Sensível ao toque.

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Três mulheres aparecem de costas para o centro do círculo que compõem. Seus ombros não se tocam mantém as mãos suspensas a segura cabo de espelho de mão. Chafurdam seus rostos neles deixando fora de alcance da lente suas fisionomias. Todas estão encapuzadas com cabelos escorrendo cada qual no seu comprimento, pelas respectivas nucas. Vestem vestidos todos da mesma tonalidade com detalhes de pedraria e missangas. Duas com mangas curtas. A atriz da direita usa lenço amarrado como uma touca. O tecido claro é do mesmo tom da moldura que ela tem nas mãos. Segura com doçura.A moça da direita usa máscara de proteção e enfia o rosto espelho cenográfico a terceira está de costas. Aparece letreiro no pé da imagem com os seguintes dizeres. Se este teatro fosse um salão inteiro de espelhos, com espelhos em cada parede.

‘Porta(r)ia’

Ator Jhoao Junnior

Relatos! Fantasias e amofinações:

- "A cidade é um mundo que o homem criou. A memória olha para o passado. A nova consciência olha para o futuro. O espaço é um dado fundamental dessa descoberta".

As casas da gente:

- "O menino ficou preso no sertão da memória. Norte não é Nordeste".

Histórias escorrendo pelas paredes do cenário.

Trabalho em equipe. Processo de criação com nervos expostos.

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Dois homens aparecem na mesma imagem o da esquerda veste farda militar abotoada com os característicos botões dourados, quepe e insígnia. Usa fone de ouvido com fios contornando o semblante austero um pouco desfocado e com ares de quem está em devaneio. Do outro lado homem com postura e semblante que inspira muita confiança. Usa blusa em decote careca embaixo de camisa esporte com botões os de cima entreabertos. Usa relógio de pulso e tem alguns reflexos de projeção de luz formando um quase retângulo em seu peito iluminado. Trata-se de pai e filho mas a relação familiar não fica em esplicitada nesse retrato.

'Proto-Henrique IV'

Atores Breno Manfredini e Chico Carvalho

Mimetismos no palco italiano.

Perfil etrusco. Teatro grego.

Língua morta. (Trans)missão de pensamento.

- "Quais são as pérolas da sua lógica"?

Dois atores. Suas sombras. Seus fantasmas.

Alguns veludos. Muitos vermelhos:

- "Tirar a fantasia e ir embora com você".

Juntes e felizes.

Acessibilidade

Figurinos luxuosos nos dois atores que aparecem nessa imagem. O da esquerda ostenta volumoso bigode o da direita aparece com a boca escancarada cheia de dentes. Ambos vestem toucas e golas pregueadas. Ostentam bordados e acabamentos nos punhos. Cores em profusão, maquiagem idem. As sobrancelhas estão realçadas com lápis escuro assim como o contorno dos olhos. Os dois homens dividem a área da fotografia com um candeeiro que repousa na mão do ator mais circunspecto. O outro parece cantar.