Mostarda, ketchup, molho barbecue e temperos secos com sementes da Cannabis é a novidade Blue Hops, empresa brasileira que fechou parceria com a canadense C.Brew, produtora de cerveja artesanal com infusão da erva. Mas os produtos estarão à venda apenas no Canadá, país cuja legislação permite o consumo recreativo da planta e derivados. A nova linha alimentícia sai pela marca Blue Hemp, que nasceu da fusão das duas empresas.
"A semente da Cannabis tem muita proteína", explica CEO da empresa Túlio Rodrigues, 51 anos, que sempre esteve na indústria alimentícia à frente de negócios inovadores e com grande apelo de marketing. No Brasil, ele desenvolve alimentos com lúpulos para a Ambev. Produz uma linha especial para cervejeiros, como de salgadinho com malte para a Brahma, molho de pimenta jalapenã lupulada para a Budweiser e cerveja e salgadinhos para cachorro, para a Colorado, a Cãolorado. No Brasil, ele tem o registro da patente de alimentos infusionados com lúpulos.
Enquanto espera as licenças para começar a comercialização da nova linha canábica, ele já planeja um whey protein com THC. Rodrigues está na indústria alimentícia desde 1995, data que começou na Ambev, onde sempre trabalhou no marketing e assim desenvolveu bom radar para oportunidades de negócios.
"O lúpulo e a Cannabis têm algumas similaridades", diz o empresário. "Ambas as plantas fazem parte da família Cannabaceae (conhecidas como canabiáceas), sendo os gêneros Humulus (lúpulo) e Cannabis", explica ele. "Das duas plantas podem ser extraídos óleos essenciais, que conservam características específicas das mesmas." Do lúpulo vem o amargor, da maconha, propriedades médicas, que são cada vez mais pesquisadas na área da saúde, e psicoativas.
De acordo com Rodrigues, processos de infusão também são parecidos. "Com o lúpulo fazemos um processo conhecido como dry hoppping, que traz diferentes aromas e sabores para a cerveja". Ele explica que tanto o aroma do lúpulo como os terpenos da Cannabis são colocados no final do processo produtivo para que sejam conservadas todas as propriedades das plantas.
Rodrigues passou a entender melhor a complexidade do mercado propriamente depois que enviou o projeto do negócio para a The Green Hub, aceleradora canábica, que enxergou grande potencial na empresa. A partir daí, veio a parceria com C.Brew, formada por sócios com competências complementares as de Rodrigues: Diogo Fortuna é cervejeiro, Beto Lucena, pesquisador e Marcos Moraes, advogado.
"Vários países ao redor do mundo já entenderam a importância econômica e social dessa planta. Ela gera mais empregos, novas frentes de negócios, impostos e melhor qualidade de vida", diz Alex Lucena, sócio e CIO da The Green Hub. A empresa em breve fará nova chamada de potenciais aceleradas no mercado aqui no Brasil. Fique de olho.
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