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Valéria França
Descrição de chapéu
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"Não é Gucci, é Paraisópolis"

Patrícia Villela participa de debate sobre sustentabilidade e inclusão

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A paulistana Patrícia Villela é conhecida pelo trabalho social realizado com a população carcerária, dentro e fora das prisões, e pelo esforço de organizar iniciativas que propiciem inclusão. Entre elas, um incansável trabalho de educação entre empresários e políticos, no sentido de derrubar preconceitos e abrir novos caminhos para uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável. Vem daí o engajamento de Patrícia na luta pela regulação da Cannabis e o consequente convite de integrar o time de palestrantes do Regerative Cannabis Live, realizado nesta quinta-feira (5), na sede da ONU, em Nova York.

Patrícia Villela em evento de Cannabis na ONU
Patrícia Villela , que participou do evento na ONU, foi com casaco costumizado em Paraisópolis - Divulgação

Logo depois da abertura dos organizadores do evento, por volta das 8h, Patrícia esperava pela vez de subir ao palco, quando a secretária ligou alarmada, pois estava preocupada com o look de Patrícia, o mesmo usado em um evento na semana passada. "Mas isso foi de propósito, ela que não entendeu", diz Patrícia, que conta que a roupa foi costurada por mulheres de Paraisópolis, uma das maiores comunidades de São Paulo. "Houve um tempo que as pessoas não repetiam roupas. Isso acabou. Precisamos ter ações afirmativas", explica. A roupa em questão é um casaco reciclado customizado a partir de uniformes de aeromoças que foram doados.

Uma vez no palco, Patrícia contou o caso para a plateia presente e ainda revelou um detalhe. "Antes de sair do hotel, meu marido perguntou se eu havia feito compras na Gucci, referindo-se a casaco que estou usando, então disse a ele que não é Gucci, é Paraisópolis." Patrícia carregava uma bolsa de compras fabricada por detentas a partir da reciclagem de pets de garrafas plásticas, que deixou ao lado da cadeira onde se sentou no palco.

A história da confusão da secretária ajudou a quebrar o clima de emoção provocado pelo discurso de Patrícia. Ela destacou que o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, sendo que a maior parte dos presos é de pessoas negras, vítimas de uma herança colonizadora escravagista. "O Brasil perde muitas vidas e recursos naturais", disse, lembrando o potencial curativo da indústria da Cannabis. Ela se refere ao impacto social, na saúde e na economia. "O mercado da planta, que até recentemente era criminalizado e marginalizado, alimentando o preconceito racial e estigmatizando culturas saiu da ilegalidade pela pesquisa científica."

O Brasil sempre esteve na liderança dessa história. Há aproximadamente 40 anos, os cientistas Elisaldo Carlini, brasileiro falecido em 2020, e Rafael Michoulan, de Israel, descobriram os benefícios da Cannabis no tratamento de epilepsia. Em 2014, as chamadas mães da maconha, mulheres cujos filhos possuíam síndromes raras e refratárias como a epilepsia, conseguiram o direito de importar o óleo medicinal depois de muitas manifestações e luta. Atualmente o País já tem uma indústria. Nos últimos dois anos aos menos 12 produtos foram aprovados pela Anvisa para serem comercializados no Brasil. Trata-se de óleos de CBD, (canabidiol, substância não psicoativa da Cannabis), efetivo no tratamento de inúmeras doenças, como depressão, insônia e epilepsia. Mas falta aprovar uma regulação, que já está escrita e parada no Congresso, o PL-399-2015. "Temos todo o potencial. Ciência e terras para produzir o cânhamo", diz Patrícia. "Os políticos precisam mudar a visão sobre a Cannabis."

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