O mercado de Cannabis medicinal no Brasil é muito recente. Em 2020, o primeiro extrato de CBD (Canabidiol, substância derivada da Cannabis, sem efeitos psicoativos), produzido pelo laboratório paranaense Prati-Donaduzzi, recebeu autorização da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) para ser comercializado no país. Atualmente, pelo menos 23 produtos já conseguiram a mesma licença. O aumento da concorrência e da aplicação das gotinhas do óleo terapêutico proveniente da planta vem melhorando a vida dos pacientes, que ganharam mais opções de consumo.
O aumento de leque de produtos comercializados no país já começa a impactar positivamente até mesmo nos produtos importados, fabricados por laboratórios que aos poucos mudam a estratégia de marketing para fisgar o mercado brasileiro. Exemplo disso é a HempMeds, subsidiária do Grupo Medical Marijuana Inc, que lançou um óleo de CBD, full spectrum, com 6.000 mg. O custo do miligrama é R$ 0,10. No mercado nacional, apenas a Prati- Donaduzzi produz o óleo com essa concentração e custa três vezes mais ( R$ 0,36).
"O extrato de 6.000 mg é indicado para o tratamento de epilepsia refratária, que precisa quantidade muito maior de gotas, que o recomendado para a insônia, por exemplo", diz o psicofarmacologista Fabricio Pamplona. "Para ter uma ideia, concentrações mais baixas levam o paciente com epilepsia a tomar o óleo em com colher e não apenas algumas gotas."
A HempMeds vem atuando com uma estratégia agressiva de redução de preços, tanto que o novo produto saiu com o mesmo preço que o de 5.000 mg da marca. "Essa medida é uma redução significativa no custo mensal para o paciente e reforça nosso compromisso em aumentar o cesso ao tratamento", diz Matheus Patelli, diretor-geral do laboratório no Brasil. A empresa também lançou a versão 3.000 mg, que sai um pouco mais cara, R$ 0,13 por miligrama. A HempMeds diz que todo o catálogo da empresa teve redução de 52% em 2021, e nenhum reajuste no ano passado.
"A notícia é boa porque apesar de termos muitos produtos aprovados pela Anvisa, poucos chegaram ao varejo", diz Francisney Nascimento, professor de Medicina e Biociência da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana, de Foz do Iguaçu. "Muitas das empresas que entraram no mercado são startups sem fôlego financeiro para a distribuição nas redes de farmácias pelo Brasil. Mas elas começaram a ser incorporadas por grandes empresas, o que vai acelerar o acesso aos pacientes."
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