Dois ciclistas foram atropelados às 6h30 da manhã de hoje, no km 15 da rodovia dos Bandeirantes (SP). Um deles morreu no local, o outro foi socorrido pelo helicóptero da Polícia Militar e levado em estado grave para o Hospital das Clínicas de São Paulo.

Segundo a Polícia Militar Rodoviária, o motorista de um Volkswagen Polo, um homem de 28 anos, perdeu o controle do carro, se chocou contra a defensa metálica e em seguida atropelou os dois ciclistas no acostamento da rodovia.

De acordo com boletim de ocorrência obtido pela Folha, "o ciclista Marcelo Henrique Maciel não resistiu aos ferimentos e entrou em óbito no local, constatado pelo médico da concessionária AutoBan […] o ciclista Aercio Ferreira sofreu lesão grave, sendo socorrido para o Hospital das Clinicas em São Paulo/SP, pelo Helicóptero Águia".

Após o teste do bafômetro indicar 0,45 de álcool por litro —valor considerado crime de trânsito pela legislação vigente—, o motorista Renan Nascimento foi preso em flagrante e levado para o 33º distrito policial.

Outros dois ciclistas que estavam no mesmo grupo escaparam ilesos do acidente. Denilson Fragoso conta que ao todo estavam em quatro, pedalando em formação de pelotão (linha enfileirada de ciclistas). Eles seguiam pelo acostamento da rodovia quando o carro se chocou com os dois ciclistas que estavam na frente.

"Estávamos em quatro. Eu estava mais atrás, junto com outro ciclista, e vimos tudo. O Marcelo Maciel e o Aércio Ferreira foram atingidos por trás, no acostamento, pelo carro que vinha a mais de 100 Km/h. Eles foram arremessados para o ar e caíram no meio da rodovia. O Marcelo morreu na hora, o Aércio a gente conseguiu reanimar e ele recobrou a consciência. Ainda pediu que ligássemos para sua esposa", relatou Denilson.

Marcelo tinha 45 anos, 5 filhos e era funcionário do Citibank. "Ele tinha acabado de sarar da Covid e estava muito animado para pedalar", comentou o amigo.

Denilson indica que o primeiro socorro foi feito por profissionais da Autoban, poucos minutos após o acidente. "A ambulância da concessionária chegou rápido. O helicóptero da PM levou cerca de 45 minutos para resgatar o Aércio e levá-lo ao Hospital das Clínicas. Ele ainda estava consciente".

Em uma semana, esse é o terceiro acidente que mata ciclistas no trânsito do estado de São Paulo, o segundo na capital.

Domingo passado (6), o jovem Victor Hugo Ribeiro Gonçalves, de 22 anos, perdeu sua vida ao ser atropelado enquanto pedalava na rodovia Índio Tibiriçá, em São Bernardo do Campo. O atropelador, Lucas Lopes Chaves, disputava racha com outros veículos quando perdeu o controle e passou por cima do ciclista. Chaves responde em liberdade após a juíza do caso não converter o flagrante em prisão preventiva.

Na quinta-feira (10), o jovem Claudemir Kauã dos Santos Queiroz, de 17 anos, morreu atropelado pelo empresário Rafael Maurício Moraes Diniz, de 39 anos. O fato aconteceu na avenida Corifeu de Azevedo Marques, no Butantã, zona oeste da capital.

Segundo a Polícia Militar, o motorista apresentava sinais de embriaguez e foi preso em flagrante.

Claudemir usava a bicicleta para fazer entregas e sustentar a família ​—o rapaz era casado e tinha acabado de ser pai. "Ele estava todo feliz da vida com a experiência nova", relatou o pai da vítima, Claudemir Queiroz.

A vereadora e cicloativista Renata Falzoni (PV) manifestou sua indignação. "É muito triste. Essas mortes são fruto de uma falta de habilidade na gestão do trânsito no estado de São Paulo e no Brasil. Daqui a pouco veremos os ciclistas sendo proibidos de pedalar, ao passo que o correto seria uma política de inclusão, de pacificação do trânsito, de garantia de segurança para todos".