Em parceria com a concessionária CCR Autoban, o governo de SP lançou nesta quinta (10) o projeto de uma ciclovia de 57 Km ligando a capital à cidade de Itupeva pelo canteiro central da rodovia dos Bandeirantes.
O anúncio da futura obra chega num momento de grande mobilização de ciclistas contra violência recorde no trânsito de São Paulo —41 ciclistas mortos no trânsito da capital em 2021, e 3 na região metropolitana em apenas uma semana de 2022, entre 6 e 13 de fevereiro.
O percurso da rodovia dos Bandeirantes, frequentemente usado por grandes pelotões (grupos) de ciclistas esportivos, tem sido cenário de graves acidentes envolvendo automóveis e bicicletas.
Em 2019, um ônibus de turismo atingiu um pelotão de 28 ciclistas, matando três e ferindo outros seis no trecho de Pirituba (zona norte de São Paulo) da rodovia dos Bandeirantes.
Em 13 de fevereiro deste ano, também no trecho de Pirituba, um ciclista esportivo morreu e outro ficou gravemente ferido ao serem atropelados por um motorista embriagado.
Diferente das ciclorrotas inauguradas no interior paulista —Ciclorrota das Flores na região de Holambra e Ciclorrota das Frutas na região de Jundiaí, criticadas por falhas de segurança—, o projeto de ciclovia para a Bandeirantes oferecerá traçado segregado da estrutura que atende automóveis.
De acordo com comunicado do governo de SP, o objetivo é melhorar a mobilidade e a segurança dos ciclistas nos deslocamentos de trabalho, esporte, lazer e turismo entre a região metropolitana e os municípios às margens da rodovia dos Bandeirantes.
A construção, que depende da aprovação do poder público para começar, terá pavimentação em via de mão dupla, pintada em vermelho, onde hoje existe um largo gramado. A imagem do projeto mostra a via com espaço para um ciclista em cada sentido.
O projeto prevê a construção de seis acessos por passarelas, também segregados, e a implantação de serviço de apoio aos ciclistas.
Para Marília Hildebrand, arquiteta especializada em planejamento urbano, a iniciativa é fundamental. "As velocidades são incompatíveis. Automóveis a 120 Km/h oferecem alto risco a ciclistas que trafegam na mesma via. A ciclovia segregada é fundamental para a segurança de ambos".
Marília, que também é ciclista e pedala frequentemente na Bandeirantes, diz que existem outras questões sensíveis que precisam ser consideradas no projeto, como diversidade e paisagismo. "O projeto precisa contemplar tanto o ciclista esportivo, quanto o ciclista trabalhador e o cicloviajante. Rotas de acesso precisam ser abundantes para atender a todas as populações. Também deve ser considerado um planejamento paisagístico. Fileiras de árvores podem deixar a experiência de pedalar muito mais prazerosa, além de reduzir o ruído causado pela autoestrada", disse a arquiteta.
Para o empresário Frederic Jean, que pedala na Bandeirantes nos finais de semana, o projeto é positivo mas precisa ser executado em conjunto com os ciclistas. "A ideia é ótima, mas tem que ser feita em parceria com ciclistas experientes para deixar tudo ainda mais seguro. Vai ter muita queda se pintarem o piso com aquela tinta vermelha escorregadia".
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), prometeu a entrega para setembro de 2023, e disse que a obra será toda patrocinada pela concessionária CCR Autoban, ao custo de 219 milhões de Reais.
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