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O que pensam os jovens cientistas no Brasil?

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Ciência diversa nas eleições: ocupando colunas por todo o país

Quando a ciência vai para todos os lugares, todo mundo sai ganhando

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Sabine Righetti Natália Flores Ana Paula Morales

Seria esperado, já em outros tempos, que o debate eleitoral se pautasse na ciência para trazer propostas e soluções para o país. Em época de fome batendo recordes, de Amazônia se despedaçando e de uma pandemia que ainda não acabou - só para citar alguns exemplos -, a participação da ciência nas eleições se torna ainda mais urgente.

Mais do que nunca, cientistas de todo o país e de diversas áreas têm de vir a público para apontar os temas urgentes de suas áreas, que têm de ser abordados pelos candidatos e candidatas ao pleito estadual e federal neste ano - incluindo o cargo máximo do país, presidência da república. A gente resolveu dar um empurrãozinho nisso.

Arte ilustra pessoas ao redor de uma árvore com raízes longas; no meio da árvore há um coração
Ilustração: Lívia Serri Francoio - Instituto Serrapilheira

Por iniciativa do Instituto Serrapilheira e da Maranta Inteligência Política, ao longo do mês de julho, cientistas ocuparão espaços cedidos por colunistas para refletir sobre o papel da #CiênciaNasEleições.

No Dia Nacional da Ciência, comemorado nesta sexta (8), a Agência Bori se junta à iniciativa com a missão de agregar, à campanha #CiênciaNasEleições, diversidade de vozes e de veículos de mídia.

A Bori já tem um contato bem próximo com as comunidades de cientistas e de jornalistas Brasil afora. Isso porque a agência é uma espécie de vitrine da ciência nacional, apresentada para a imprensa de maneira inédita, antecipada e explicada.

Trocando por números: colocamos uma nova pesquisa científica brasileira a cada dois dias na nossa vitrine, que é visualizada por cerca de 2,3 mil jornalistas de todo perfil de veículo jornalístico -- como esta Folha, o jornal A Crítica (AM) ou o Nós, mulheres da periferia. Há centenas de mídias brasileiras cadastradas na Bori.

Fazemos isso com foco em três grandes eixos temáticos: Covid-19, Sistemas alimentares e Amazônia. São, como ressaltamos, alguns dos principais temas que devem pautar o debate eleitoral.

As evidências recentes têm mostrado, por exemplo, com dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), que a fome explodiu no Brasil. O número de brasileiros passando fome praticamente dobrou no levantamento do ano passado para este ano -- e estamos falando de dezenas de milhões de pessoas.

Também antecipamos à mídia, na Bori, que o projeto de lei 191/2020, que busca autorizar a abertura de terras indígenas para mineração, pode, segundo cientistas de universidades como a Unesp e as federais do Pará e do Tocantins, destruir a Amazônia. A proposta se baseia em um argumento enganoso de que a preservação das terras indígenas afetaria negativamente a produção agrícola do Brasil.

E pautamos a imprensa com dados de uma pesquisa cearense, que mostrou que quatro em cada dez pacientes com diabetes internados com Covid-19 morreram da doença -- taxa 15% maior do que a média nacional. Os números evidenciam a importância de políticas nacionais de saúde pública -- transversais ao combate à pandemia.

Na nossa vitrine de evidências científicas do país para a imprensa, mostramos também que menos de um quinto dos pacientes recebe cuidado adequado para a hipertensão no país, que conservar a Amazônia custa sete vezes menos do que manter áreas protegidas na Europa, por hectare, e que perda de vegetação aumenta o risco de surto de zoonoses. Como os candidatos e candidatas aos cargos públicos pretendem enfrentar todos esses assuntos?

Precisamos que cientistas e intelectuais se posicionem, tragam suas evidências e pautem o debate público eleitoral local ou nacional de maneira urgente. E convidamos colunistas de veículos de todo o perfil, porte e de todo o país a ceder seus espaços a esses pesquisadores ao longo do mês de julho.

Faremos, na Bori, os "matches" entre cientistas e colunistas especialmente fora do eixo Sudeste para falar de #CiênciaNasEleições. Queremos, por exemplo, cientistas do Norte do país ocupando colunas de jornais da região - ou de fora dela - para tratar de Amazônia e de outros temas.

Precisamos de ciência diversa em uma imprensa também variada. E sabemos que quando a ciência vai para todos os lugares - ainda mais em tempos de eleições - todos saímos ganhando.

*

Sabine Righetti é jornalista, doutora em política científica e pesquisadora no Labjor-Unicamp. Fundou a Agência Bori.

Ana Paula Morales é biomédica, especialista em jornalismo científico e doutoranda em política científica. Fundou a Agência Bori.

Natália Flores é jornalista, doutora em comunicação e gerente de conteúdo da Agência Bori.

Esta coluna foi escrita para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência. Em julho, colunas e blogs refletem sobre o papel da ciência na reconstrução do Brasil.

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