Nas propagandas dos criptos vemos estes sendo mostrados como moedas douradas ou prateadas reluzentes. No entanto, isso pouco está relacionado ao que de fato ele é. Um cripto nada mais é que um conjunto de caracteres criptografados.

A analogia que percebo nestas fotos é das propagandas antigas de cigarro em que eram apresentados jovens correndo a cavalo ou pilotando barcos luxuosos.

O próprio nome do cripto mais conhecida, Bitcoin, te leva a uma falsa associação com moeda e sabemos que ele não se qualifica como tal pelas características.

Não tenho dúvidas que o nome escolhido foi muito feliz para seu sucesso, mas pode influenciar de forma errada a decisão de investidores.

Talvez você argumente que não é influenciado por isso. Entretanto, quando pensa em Bitcoin, qual imagem vem na sua cabeça? A da direita, ou a da esquerda?

Se for a imagem da moeda reluzente, você já está condicionado nesta linguagem subliminar.

Lembro que certa vez estava conversando com o diretor financeiro de uma das grandes corretoras de criptos do país e o questionei: "quanto você tem em Bitcoin de seu patrimônio?"

Para minha decepção ele disse: nada. Já ironicamente retruquei, "mas não protege da inflação?" Recebi um riso como resposta.

O fato de ser representada por uma moeda dourada leva a analogia com ouro e proteção para inflação.

Já vi muitos investidores conservadores que fogem de qualquer aplicação de renda variável, mas que investem em criptos, pois acreditam que é uma moeda que protege da inflação. Isso é preocupante.

Sem dúvida a tecnologia empregada nos criptos mudará a forma como muitas transações são realizadas hoje.

No entanto, é muito importante não confundir a tecnologia com o ativo.

Por exemplo, a tecnologia empregada nas transações de cartão de crédito facilitou enormemente as transações comerciais. No entanto, você não compra um cartão de crédito. Apenas usa esta tecnologia.

Os EUA e o mundo vão passar por um ciclo de alta nas taxas de juros devido à elevação da inflação. Instrumentos que não possuem remuneração, como juros e dividendos, e dependem apenas da variação de preço podem sofrer.

Sou fã de novas tecnologias.

Não estou argumentando que ninguém deveria ter criptos em seu portfólio como uma forma de especulação em seus preços, mas faria sentido uma regulação identificando os riscos envolvidos no investimento.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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