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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Comparamos duas estratégias de aplicação de R$ 100 mil; veja qual a melhor

Uma estratégia de alocação ganhou do CDI e do Ibovespa nas últimas duas décadas

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Quando avaliamos os últimos 22 anos, a renda fixa brasileira foi imbatível em relação à bolsa brasileira. Enquanto o CDI rendeu o equivalente a 11,97% ao ano, desde dezembro de 1999, o Ibovespa se valorizou apenas 8,65% ao ano no mesmo período. No entanto, uma estratégia diferenciada poderia ter melhorado estes resultados.

Traders trabalhando na New York Stock Exchange (NYSE) in New York City, U.S., January 21, 2022. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK502 - REUTERS

No último artigo, mencionei três principais estratégias de alocação: Buy and Hold (BH), Constant Mix (CM) e Constant Proportion Portfólio Insurance (CPPI).

Hoje vou comparar as duas primeiras.

A estratégia BH é conhecida pela sua simplicidade. Nela, o investidor investe na renda variável e na renda fixa em uma determinada proporção e mantém o investimento por todo o período sem se preocupar com as alterações que ocorram pela evolução de cada um dos ativos.

Seguindo essa estratégia nos últimos 22 anos, como o Ibovespa apresentou resultado pior que a renda fixa, qualquer proporção inicial que tivesse escolhido teria um desempenho pior que alocar 100% da carteira em renda fixa.

A estratégia Buy and Hold que envolve ativo de risco só é eficiente quando este apresenta resultado superior à renda fixa no longo prazo.

Portanto, o famoso ditado "compre e esqueça" não se mostrou interessante nas últimas duas décadas, a não ser que se referisse apenas à renda fixa. ​

Evolução de uma aplicação de R$100 mil seguindo cada uma das estratégias.
Evolução de uma aplicação de R$100 mil seguindo cada uma das estratégias. - Michael Viriato

Outra estratégia que pode virar esse jogo e faz muito sentido para o mercado brasileiro é a CM. Nela, o investidor determina uma proporção da carteira em ações e seu trabalho é rebalancear a carteira, periodicamente, para manter constante esta proporção.

Assim, quando as ações caem, o investidor deveria rebalancear o portfólio comprando e, quando as ações sobem, ele deve vender as ações, retornando sempre para a proporção inicial na carteira.

Essa estratégia faz mais sentido que a BH no mercado brasileiro, pois como se observa no gráfico abaixo, o Ibovespa apresenta alta volatilidade, mas não tem apresentado desempenho melhor que a renda fixa.

Evolução de um investimento de R$ 100 mil em dezembro de 1999 no CDI e no Ibovespa.
Evolução de um investimento de R$ 100 mil em dezembro de 1999 no CDI e no Ibovespa. - Michael Viriato

O segredo desta estratégia está em encontrar o momento adequado para fazer o rebalanceamento. Ao contrário do que muitos falam, o rebalanceamento não deve se basear em um período, por exemplo, seis meses ou anual.

O rebalanceamento frequente pode reduzir o retorno e elevar o risco da carteira. Portanto, ele só deve ser realizado quando necessário e não pelo tempo.

Como afirma o prêmio Nobel em economia William Sharpe em seu artigo Dynamic Strategies for Asset Allocation, o rebalanceamento deve considerar uma oscilação da renda variável.

Por exemplo, considere uma alocação de 20% no Ibovespa e 80% no CDI. Quando o rebalanceamento é realizado sempre que o Ibovespa varia 31% para baixo ou para cima, o resultado para a carteira nos últimos 22 anos foi de um retorno equivalente a 12,25% ao ano.

Entretanto, se as trocas tivessem ocorrido para variações de 15% do Ibovespa, o resultado teria caído para 11,96% ao ano no mesmo período.

Evolução de investimento de R$100 mil na estratégia Constant Mix com 20% de alocação em Ibovespa e 80% em CDI
Evolução de investimento de R$100 mil na estratégia Constant Mix com 20% de alocação em Ibovespa e 80% em CDI - Michael Viriato

O gráfico acima apresenta a evolução da estratégia CM para as duas medidas de rebalancemento mencionadas.

A estratégia CM só vai perder para a estratégia BH se a renda variável apresentar resultado melhor que a renda fixa no longo prazo.

Reforço que não estou recomendando que os investidores devam ter esta alocação de 20% em bolsa e fazer este rebalanceamento mencionado. Mas, chamar a atenção para outras estratégias de alocação de capital que possam apresentar melhor resultado.

No próximo artigo vou escrever sobre a estratégia Constant Proportion Portfólio Insurance (CPPI). Como questionou o leitor Aguinaldo, recentemente, sobre como administrar a alocação considerando o ciclo de vida, a CPPI pode ser uma alternativa na aposentadoria.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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