De Grão em Grão

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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Comprei ação da Magalu e só perdi; devo vender?

A decisão sobre uma ação deve considerar o cenário futuro e não o desempenho passado

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Depois de uma alta de mais de 6.500% até o início do ano passado (2021), a ação da Magalu atraiu a atenção de diversos investidores. A forte valorização levou muitos a imaginar que comprar a ação representava um caminho fácil para a fortuna com baixo risco. Entretanto, o que parecia uma grande promessa se transformou em pesadelo no curto prazo.

Não bastasse a desvalorização superior a 70% no ano de 2021, nos três primeiros dias de 2022, as ações já perdem mais de 11%.

Nesse momento, vários investidores se perguntam: devo vender?

Qualquer decisão sobre uma ação deve considerar apenas o cenário futuro, a diversificação, o perfil e horizonte de investimento. REUTERS/Brendan McDermid//File Photo ORG XMIT: FW1 - REUTERS

O exemplo foi com as ações da Magalu, mas essa dúvida ocorre com diversas ações no momento.

Por restrição legal, não posso dar recomendação de compra ou de venda de uma ação, pois não sou mais analista credenciado, como já fui no passado. No entanto, posso te ajudar a decidir em situações como esta.

A decisão deve considerar três elementos. Mas antes de falar sobre eles, é muito importante estar ciente de um erro comum dentre investidores.

Um dos maiores erros dos investidores nesta situação é se prenderem à trajetória passada do ativo.

O que ocorreu no passado com o preço das ações não deve refletir na sua decisão de agora. Ou seja, não é porque uma ação caiu que você não deva vender e não é porque ela subiu que você não possa comprar mais.

A decisão deve ter sempre em vista a perspectiva de retorno futuro, tendo como base o dia de hoje e o cenário à frente. E é esse cenário o primeiro elemento que deve considerar.

Não é porque uma ação caiu que agora está barata. Assim como, não é porque ela caiu que você errou sua posição. Mas, talvez precise rever a posição por uma mudança do cenário anterior.

Avalie que cenário considerou quando tomou a decisão de comprar o ativo. Coloque em perspectiva o novo cenário. Mesmo com desvalorização, o ativo pode ter hoje um potencial de retorno menor que o anterior de quando você o comprou, pois com um cenário pior, logicamente, a ação perde valor.

Analise se, com o novo cenário, você compraria uma ação do setor da empresa, desconsiderando o fato de a possuir na carteira. Será que com juros maiores esse setor é prejudicado? Como uma inflação maior o penaliza? Qual a sensibilidade deste setor a revisões de crescimento econômico como as que ocorreram? Será que esta empresa é a mais barata em seu setor?

Se questione sobre como o novo cenário influencia a perspectiva futura da ação. Spencer Platt/Getty Images/AFP - AFP

Não é adequado olhar para o quanto uma ação caiu e assim acreditar que o montante de variação negativa reflete o valor a se capturar no futuro. É importante analisar métricas de avaliação como fluxo de caixa e múltiplos relativos.

O segundo elemento para avaliar na decisão é a diversificação de sua carteira. Analise se essa ação faz sentido em um portfólio diversificado. Não se deve avaliar a ação apenas individualmente, mas também é importante considerar a diversificação da carteira. Será que você concentrou demais a exposição em uma ação individual?

O terceiro elemento está relacionado ao perfil e horizonte de investimento. Pense se o tamanho da participação que adquiriu está em linha com seu perfil de investidor e com o horizonte de longo prazo. Caso contrário, considere a revisão para uma exposição adequada a seu perfil.

Avalie estes três elementos, desconsiderando que já possui o ativo e sua perda. Tome a decisão considerando que possui o dinheiro e não a ação e analise se a compraria agora.

O fato de já possuir o ativo muitas vezes atrapalha uma decisão racional. Ao investigar a posição na ação com os três elementos abordados, tem um critério para decidir se faz sentido a posição atual, ou seja, se deveria manter as ações.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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