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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu juros Selic copom

Testamos uma estratégia de aplicação de R$ 100 mil para sua aposentadoria; confira o resultado

Na aposentadoria, a segurança dos investimentos é prioridade em relação ao retorno

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Quando pensamos em aposentadoria a segurança nos investimentos é um dos fatores mais importantes. Neste sentido, aqueles que desejam correr risco em uma parte do portfólio devem atentar para que a parcela de reserva básica da aposentadoria não seja comprometida com prejuízos. Nesse sentido, a estratégia de alocação chamada Constant Proportion Portfólio Insurance (CPPI) poderia ser uma alternativa.

Nos últimos artigos escrevi sobre as três principais estratégias de alocação: Buy and Hold (BH), Constant Mix (CM) e Constant Proportion Portfólio Insurance (CPPI).

Traders trabalhando na New York Stock Exchange (NYSE) em New York. (Xinhua/Michael Nagle)

Hoje, vou detalhar um pouco mais da CPPI e explicar por que ela poderia ser mais indicada quando você está vivendo sua aposentadoria, mas deseja ter algum investimento de risco.

Quando chegamos a aposentadoria, usualmente, nosso portfólio financeiro para de receber aportes e começamos a apenas fazer retiradas.

Por esse motivo, perdas financeiras são mais dolorosas, pois não poderão nunca mais serem substituídas e, eventualmente, pode não haver tempo para recuperar.

Logo, a estratégia de alocação de risco na aposentadoria deve considerar que a tolerância a risco do investidor cai quando seu portfólio perde valor e sobe quando seu portfólio se valoriza.

Ao contrário da estratégia CM que expliquei ontem, na CPPI, o investidor reduz a alocação em renda variável quando esta cai e eleva a proporção quando a renda variável se valoriza. Assim, o risco do portfólio cai em momentos de baixa do mercado e sobe em momentos de alta das ações.

Para montar a estratégia, é preciso definir alguns parâmetros.

Primeiro, o investidor deve definir um valor mínimo (vm). Esse valor deve ser o mínimo que, se investido na renda fixa, seria suficiente para cobrir suas despesas. Logo, o vm representa a reserva básica da aposentadoria.

Isso significa que se sua carteira se aproximar do vm por uma queda do mercado, a alocação em bolsa é reduzida.

Evolução de uma aplicação de R$100 mil seguindo cada uma das estratégias. Todas as estratégias consideraram uma alocação inicial de 20% no Ibovespa e 80% no CDI.
Gráfico 1: Evolução de uma aplicação de R$100 mil seguindo cada uma das estratégias. Todas as estratégias consideraram uma alocação inicial de 20% no Ibovespa e 80% no CDI. - Michael Viriato

Assim, a alocação em renda variável (A) do investidor será definida pelo produto entre um multiplicador e a diferença entre o valor do portfólio (vp) e o vm, ou seja, A = m * (vp – vm).

Por exemplo, considere um portfólio (vp) de R$ 100 mil e que o valor mínimo (vm) que o investidor aceitaria que seu portfólio caísse fosse de R$ 90 mil. Se o multiplicador (m) for escolhido como 2, sua alocação inicial em bolsa de valores será de R$ 20 mil, ou seja, de 20%.

O valor mínimo deve ser atualizado pela renda fixa como forma de garantir que ao longo do tempo ele não perca poder de compra.

Perceba que a diferença entre vp e vm é o colchão que o investidor tem para correr risco. Quanto maior o colchão, maior é a tolerância ao risco do investidor. Se o colchão se reduz, o mesmo ocorre com a tolerância ao risco. A exposição à renda variável é sempre um múltiplo constante do colchão.

Assim, mesmo com um severo mercado negativo, o portfólio irá no mínimo render o que rende o vm corrigido pela renda fixa. Logo o investidor, como o leitor Agostinho, se seguir esta estratégia, pode ficar tranquilo de correr risco, enquanto tiver um colchão para isso.

Evolução da alocação em renda variável para cada uma das três estratégias
Gráfico 2: Evolução da alocação em renda variável para cada uma das três estratégias - Michael Viriato

Veja no gráfico acima como evoluíram as alocações em renda variável para as três estratégias CM, BH e CPPI desde 1999.

Observe que a alocação em renda variável na estratégia CPPI se reduz bastante ao longo do tempo. Essa é uma característica da estratégia quando a renda fixa rende bem mais que ações e pela volatilidade desta.

Como explica o prêmio Nobel em Economia William Sharpe, nenhuma estratégia é melhor que a outra em qualquer cenário.

No Gráfico 1 é possível acompanhar a evolução das três estratégias. De fato, nos últimos 22 anos a estratégia CM apresentou melhor desempenho que a CPPI. Isso ocorreu pela característica de alta volatilidade de nosso mercado favorecendo a estratégia CM.

No entanto, para aqueles que precisam se resguardar de momentos ruins e não podem se dar ao luxo de ver seu patrimônio cair abaixo de um mínimo, a estratégia CPPI pode ser mais recomendada.

Perceba que a volatilidade desta estratégia é menor que a das outras. Isso pode ser visto no Gráfico 1 pela suavidade da evolução do patrimônio desta estratégia em relação às outras.

Quer entender mais detalhes sobre as estratégias? Leia o trabalho de Sharpe no link.

Nos próximos artigos vou tentar responder questões de dois leitores. Vou escrever em breve sobre estratégias com opções como pediu o Tony. Antes, responderei ao Alexandre e explicarei se vale a pena investir em painéis solares para economizar na despesa de energia residencial.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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