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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Você faz essa avaliação em seu portfólio com qual periodicidade?

A avaliação periódica de seu portfólio é fundamental para garantir o alinhamento dos resultados com a expectativa

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Em nosso escritório, temos uma prática mensal que todos os investidores poderiam adotar em suas aplicações, a avaliação periódica da carteira de investimento ótima. Esta avaliação mensal é relevante para analisar se as aplicações de sua carteira em conjunto estão alinhadas com o objetivo de retorno e risco esperados. Explico abaixo os passos e como você pode adotá-la.

A avaliação periódica de sua carteira de investimento é fundamental para garantir o alinhamento dos resultados com o que foi definido na política de investimento inicial. (Courtney Crow/NYSE/handout via Xinhua)

No processo de definição de sua carteira de investimento, o primeiro passo é definir uma política de investimento com objetivo de retorno e risco para o portfólio. Periodicamente, você precisa avaliar se a carteira está alinhada com a política de investimento determinada.

Assim, vou falar hoje sobre este processo de avaliação periódica. A periodicidade desta avaliação deve ser bem definida para que haja disciplina em sua execução.

A periodicidade mínima seria anual. Assim, anualmente, deveria separar um tempo para o realizar. Em avaliações de prazos mais curtos, é preciso tomar cuidado para não se deixar levar pela volatilidade do mercado.

A avaliação periódica é desconsiderada pela maioria dos investidores que fica mais preocupada com a compra do ativo que vai se valorizar mais no curto prazo. No entanto, é de pleno conhecimento que a alocação estratégica é a maior responsável pelo desempenho do portfólio no longo prazo.

A metodologia que aplicamos para a avaliação periódica de carteira pode ser segregada em quatro passos.

Passo 1 - Avaliação de cenário

Você alguma vez já teve um ativo em carteira que se desvalorizou e você ficou sem saber se vende, se mantém ou se aumenta sua participação para a posição inicial?

Esta dúvida surge exatamente pela ausência de um cenário econômico e de mercado que norteie a razão para se ter uma posição no ativo. Um ativo que fazia sentido ter em um cenário econômico, pode não fazer mais em outro.

Por exemplo, imagine que você investiu em ações de empresas de varejo, pois acreditava em forte crescimento econômico, baixas taxas de juros e crescimento de crédito. Estas ações caíram e você ficou preso na incerteza se vende ou não. Na verdade, deveria avaliar primeiro se o cenário anterior se mantém ou se em um novo cenário, faria sentido ter estas ações. Logo, em vez de focar no ativo, deve-se concentrar primeiro no cenário econômico.

Neste cenário, você vai estabelecer sua expectativa para as principais variáveis econômicas que afetam os ativos de seu universo de investimento. Por exemplo, deve definir expectativas para crescimento econômico nacional e das economias que acompanha, inflação, curvas de juros, crescimento de lucros, câmbio e outros.

Para a maioria dos investidores a definição destas expectativas é uma tarefa árdua.

Uma sugestão para você aprender quais variáveis econômicas acompanhar e como definir expectativas para o cenário é acompanhar as reuniões abertas das gestoras de recursos.

Para participar destas reuniões, basta se cadastrar no site das gestoras e você será informado sobre os horários. Elas ocorrem de forma online. Portanto, qualquer um pode acompanhar.

Nestas reuniões, economistas e gestores expõem suas visões sobre o cenário e como eles transformaram este cenário em investimentos. É uma verdadeira aula.

Passo 2 - Análise de quais classes de ativos desempenhariam melhor no cenário definido e em qual proporção

Depois de definido o cenário, chega a hora de analisar como estas variáveis influenciam as classes de ativos e como estas devem se comportar.

Você deve pensar de forma isenta, ou seja, como se não tivesse qualquer investimento e fosse montar a carteira do zero.

Com um cenário estabelecido, você deve definir expectativas de retorno e risco para cada uma das classes de ativos. Por exemplo, câmbio, ações no Brasil, ações nos EUA, ações de mercados emergentes, fundos imobiliários no Brasil, REITs, renda fixa prefixada, renda fixa referenciada ao IPCA, Selic, crédito privado e assim por diante.

De posse destes dados e conhecendo as correlações entre as classes de ativos, você compõe a carteira de forma a alinhar o objetivo de retorno e risco com o estabelecido na política de investimento determinada.

Operadores de mercado trabalhando na New York Stock Exchange (NYSE). Spencer Platt/Getty Images/AFP - AFP

Passo 3 - Análise do desempenho da carteira atual

Você poderia imaginar que este passo seria realizado antes. Entretanto, é importante que ele seja realizado depois para que a definição do cenário e expectativas sobre as classes de ativos não seja influenciada pelo desempenho passado dos ativos.

Por exemplo, se a bolsa sobe forte no período anterior e você está ganhando, pode ficar tentado a projetar que ela continuará subindo e criará justificativas nos passos anteriores para isso.

O terceiro passo é fundamental para avaliar se a carteira atual está alinhada com o que foi definido anteriormente ou se é necessária alguma alteração.

No entanto, alterar sempre pode trazer algum tipo de custo. Portanto, este é o último passo.

Passo 4 - Avaliar se compensa realizar a troca da carteira atual pela revisada

Alguém poderia pensar, se você teve trabalho para definir qual a melhor carteira para o cenário estabelecido, por que não mudar?

Alterações no portfólio podem ter algum tipo de custo, como custos de transação ou impostos.

Também existe um intervalo de oscilação das estimativas. Os retornos sobre as classes de ativos definidos nos Passos 1 e 2 são uma expectativa, ou seja, formados por probabilidades em cenários. Logo, não são números determinísticos e que não podem dar diferente.

Assim, é preciso avaliar se o retorno que vai obter com a troca é suficiente para cobrir os custos de transação e os riscos sobre as probabilidades estabelecidas no cenário.

Para isso é importante calcular a correlação dos ativos. Muitas vezes o ativo que já possui em carteira possui elevada correlação positiva com outro da nova carteira. Nesse caso, uma troca, eventualmente, pode só trazer custos.

Avaliar seu portfólio de forma disciplinada e com um processo definido é importante para corrigir possíveis desvios que a carteira possua em relação à política de investimento inicialmente estabelecida.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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