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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu juros inflação

Entenda se você está sob o efeito do viés da aversão à perda em seu portfólio

Investidores tendem a preferir evitar perdas a obter ganhos de intensidade similar

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Alguma vez você precisou fazer um resgate e preferiu vender a posição com lucro ao invés da posição com prejuízo? Se você já passou por isso, saiba que você pode estar sob a influência do viés comportamental da aversão à perda. Explico abaixo o que é e como tentar evitá-lo.

O viés da aversão à perda foi inicialmente estudado pelo prêmio Nobel em economia Daniel Kahneman e seu coautor Amos Tversky. Sob o efeito deste viés comportamental, investidores tendem a preferir evitar perdas a obter ganhos de intensidade similar.

Operador de mercado na New York Stock Exchange (NYSE) reflete sobre a evolução dos ativos. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK522 - REUTERS

Traduzindo, investidores tendem a sentir mais dor em vender uma posição com uma perda de 10% do que ficam satisfeitos quando vendem uma posição que apresenta retorno positivo de 10%.

Isso acaba levando investidores a preferir não trocar uma posição em que perdem 10% por outro ativo que tenha maior probabilidade de recuperar o prejuízo.

Também, quando precisam realizar um resgate, preferem vender uma posição ganhadora que tem mais chance de alta do que vender uma posição perdedora com menor chance de alta.

Até mesmo Warren Buffett, que é o investidor de maior sucesso no mundo, por várias vezes vendeu posições com prejuízo. Durante a pandemia de 2020, em meio a várias críticas, Buffett vendeu suas posições em empresas aéreas realizando prejuízos de até 50%.

Mas será que você está sendo influenciado por este viés comportamental com algum de seus investimentos?

Se você nunca vendeu uma posição com prejuízo, ou você tem uma carteira muito conservadora, ou você sim sofre do viés comportamental de aversão à perda.

É muito difícil assumir que se está sob a influência de um viés comportamental. Já vi investidores argumentarem sobre impostos, custos de transação e outras desculpas para justificar a não realização de perdas.

Óbvio que é preciso avaliar a questão tributária e de custos. E esta avaliação é simples, pois é quantitativa. Basta fazer o cálculo considerando estas despesas.

No caso de impostos, atualmente, o benefício é até maior de vender uma posição perdedora primeiro, como já escrevi aqui no passado. A maioria das instituições financeiras realizam, automaticamente, o acúmulo de prejuízos fiscais e a compensação do lucro com estes prejuízos de forma a minimizar impostos.

É inegável a mudança do cenário econômico nos últimos meses. Por exemplo, no caso da inflação. Estamos vivendo um cenário de inflação global não esperado e que pelos últimos acontecimentos está piorando. O cenário de taxa de juros e crescimento no mundo também está mudando rapidamente.

Seu portfólio precisa ser avaliado sob este novo cenário e, assim, eventualmente, pode ser necessária a troca de alguma posição perdedora.

Painel de cotações e operadores trabalhando na New York Stock Exchange (NYSE). REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK523 - REUTERS

Importante falar que não é porque você tem alguma posição no portfólio, cujo desempenho não correspondeu ao esperado, que você precisa trocar.

Quando o cenário muda, sua carteira, eventualmente, pode mudar. Cuidado para não ficar preso ao passado. Lembre-se, sua carteira vai ganhar pelo que os ativos vão proporcionar de retorno e não pelo seu comportamento no passado.

Para evitar cair no viés da aversão à perda, faça sempre o seguinte exercício.

Sempre que você precisar de recurso e for resgatar, considere que seu portfólio é formado apenas de dinheiro. Em seguida, decida quais ativos você compraria. É exatamente daqueles que você não aplicaria neste momento que você deve resgatar.

O mesmo exercício pode ser feito quando o cenário econômico muda. Considere que em vez de ativos você tem apenas dinheiro. Agora decida o que faria sem o viés de já possuir algum ativo. Possivelmente, o portfólio resultante será diferente do que já tem. Isso pode ser um indício que deve adequar o portfólio ao novo cenário.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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