Imagine se você soubesse exatamente quais ações vão apresentar o melhor retorno nos próximos cinco anos. Talvez você dissesse que só Deus poderia ter este conhecimento. Sabendo quais ações vão apresentar o melhor retorno, como você acha que teria sido seu desempenho e quanto poderia ter sofrido no meio do caminho?
Para responder a estas perguntas o pesquisador Wesley Gray fez um estudo com as 500 maiores ações negociadas nas bolsas NYSE, NASDAQ e AMEX entre 1927 e 2016. O trabalho de Gray foi publicado em fevereiro de 2016, com o título Even God would get fired as an Active Investor.
A cada cinco anos, desde 1927, Gray montou um portfólio formado pelas 50 ações que apresentariam o maior desempenho nos cinco anos seguintes, ponderadas pelo seu valor de mercado.
Gray chamou o gestor desse portfólio de Deus, pois ninguém teria como saber exatamente quais seriam as melhores ações antes de ocorrer e por anos sequenciais.
O retorno do portfólio de Deus nestes 90 anos foi de 29,4% ao ano. Enquanto nesse mesmo período, o S&P 500 rendeu o equivalente a 9,9% ao ano.
Obviamente seria de se esperar que o portfólio de Deus apresentasse retorno bem superior ao índice da bolsa americana.
No entanto, o mais interessante é saber que este portfólio também teria passado por momentos terríveis.
Entre 1929 e 1932, o portfólio de Deus chegou a perder 76%. Na crise financeira de 2008, ele teria se desvalorizado mais de 40%. Durante a crise de tecnologia de 2000, o portfólio de Deus teria sofrido uma queda superior a 39%.
A ideia do estudo de Gray foi mostrar o aspecto educacional do investimento de risco. Mesmo os melhores portfólios vão sofrer durante os momentos de turbulência.
Portanto, se seu portfólio está sofrendo neste momento e você confia no cenário de longo prazo, tenha paciência. Investimentos de risco devem ter horizonte de longo prazo.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor
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