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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu juros copom Selic

Descubra o máximo de tempo que o S&P500 levou para retomar ao preço antes da queda

Analisar o prazo de recuperação pode ser mais importante que o potencial de queda

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Estamos voltando a um cenário de mercado no qual o potencial de quanto você pode perder investindo na bolsa americana não deve ser sua única preocupação. Na maioria das vezes esquecemos de algo que pode ser tão ruim quanto a magnitude da queda. Para os brasileiros este fator desconsiderado é ainda pior. Sim, mais preocupante que a intensidade da desvalorização.

Analisar o prazo de recuperação pode ser mais importante que o potencial de queda. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK522 - REUTERS

O S&P500 se desvaloriza no ano mais de 23%. Para quem já está investido há cinco anos, o ganho total ainda é positivo e ultrapassa 50%. Portanto, esta queda pode ser vista apenas como uma perda de parte dos ganhos.

No entanto, a visão não é a mesma para quem investiu depois de 2020. O índice americano é negociado hoje no mesmo patamar de dezembro de 2020. Logo, todos estes investidores têm retorno negativo desde sua aplicação.

Por uma infelicidade, foi justamente nesse período que muitos brasileiros trocaram investimentos na bolsa brasileira para a americana.

Talvez você esteja receoso com relação a quanto o S&P500 ainda pode cair. Possivelmente, você tema que o índice possa cair mais 20%.

Essa não deveria ser sua única preocupação no momento.

O grande problema que investidores brasileiros enfrentam é seu custo de oportunidade.

Atualmente, investimentos de baixo risco atrelados ao CDI devem render mais de 13% ao ano.

Com o custo de oportunidade mais elevado como o que estamos, ou seja, com o CDI mais alto, é preciso analisar com cuidado qual risco manter na carteira. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK516 - REUTERS

Usualmente, quando aplicamos em um investimento de risco, nossa preocupação se concentra no máximo que se pode perder. De fato, a intensidade da perda, assusta.

No entanto, quando temos um custo de oportunidade alto como o atual, o prazo que o índice demora até retomar ao preço inicialmente investido ou ao patamar anterior pode ser ainda mais relevante.

Desde 1950, o S&P500 caiu por mais de 23 semanas sem voltar ao preço inicial em 22 ocasiões. Neste momento, ele se desvaloriza por 24 semanas desde o máximo atingido no início do ano.

Vamos analisar o que ocorreu nestas 22 vezes em que o S&P500 se arrastou antes de voltar ao patamar inicial da queda.

A média de tempo em que ele demorou a voltar ao ponto inicial da queda foi de 105 semanas, ou seja, dois anos.

O máximo de tempo que ele demorou até retomar ao patamar do início da queda foi de 393 semanas, ou seja, sete anos e meio. Isso ocorreu entre 1973 e 1980.

Em um período mais recente, investidores enfrentaram angústia similar. Quem investiu no S&P500 em outubro de 2007, só foi ver sua aplicação retornando ao mesmo valor inicial cinco anos e meio depois, no final de março de 2013.

Também, quem investiu na bolsa americana em março de 2000, só recuperou seu dinheiro depois de mais de sete anos.

Com o CDI rendendo 13% ao ano, ficar com rendimento zero por dois anos, significa você abdicar de um retorno de mais de 27%. Em cinco anos e meio, uma aplicação neste CDI representa retorno de 95%. Se você ficar sete anos e meio sem ganhar, a rentabilidade desperdiçada seria de 150%.

É muito difícil imaginar que o S&P500 caia, adicionalmente, mais 27% nos próximos dois anos, mas se ele ficar oscilando lateralmente pelos próximos dois anos, você deixou de ganhar estes 27% se aplicasse no CDI.

Da mesma forma, não é possível um índice cair mais de 100%. Mas, você pode deixar de ganhar 140% se o que estamos vivendo hoje for algo similar ao que ocorreu aos investidores de março de 2000.

Com o custo de oportunidade mais elevado como o que estamos, ou seja, com o CDI mais alto, é preciso analisar com cuidado qual risco manter na carteira, pois tão importante quanto a queda, passa a ser o prazo de retomada.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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