Frederico Vasconcelos

Interesse Público

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Descrição de chapéu Folhajus

Presidente do STJ constrange colegas ao abrir o Ano Judiciário

Auditório lotado com membros da OAB não manteve o distanciamento social

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O presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Humberto Martins, constrangeu membros da corte, nesta terça-feira (1º), durante a sessão solene de abertura do Ano Judiciário, ao lotar o auditório com mais de 100 representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Previa-se uma cerimônia em formato híbrido, presencial e por videoconferência, com transmissão ao vivo pelo canal do STJ no YouTube.

Foram convidados o novo presidente da OAB, Beto Simonetti, toda a diretoria nacional, conselheiros federais, presidentes de seccionais, membros honorários vitalícios do Conselho e presidentes de caixas de assistência.

Pelo STJ, estava presente apenas o presidente.

Com o auditório lotado, o STJ não respeitou o distanciamento social, ou seja, o intervalo entre as poltronas. Parecia que o Tribunal da Cidadania havia cedido suas instalações para a abertura do Ano Judiciário da Advocacia. ​ ​(*)

Humberto Martins constrange ministros do STJ
Novo presidente da OAB, Beto Simonetti discursa no STJ, perante auditório sem distanciamento social - Divulgação

Martins circulou com a máscara no queixo. Os comunicados do STJ sobre os eventos repetem que "o uso de máscaras continua obrigatório em todas as dependências".

Representantes da OAB lotam auditório do STJ
Ministro Humberto Martins, presidente do STJ, circula entre advogados com máscara anti-Covid no queixo - Divulgação

Na véspera, em seu último evento como presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz participou, por videoconferência, da sessão de abertura do Ano Judiciário no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ministros criticaram o fato de Martins suspender os julgamentos de processos pautados para a terça-feira, adiando-os para a quarta-feira. Alguns entenderam a aglomeração promovida pelo presidente como uma forma de constranger os ministros.

Elogios recíprocos

A presença maciça da nova diretoria da OAB no STJ, tribunal presidido por um ministro oriundo da advocacia, abriu espaço para os elogios recíprocos, numa sessão laudatória.

O STJ noticiou que Beto Simonetti "enalteceu o empenho das instituições judiciais para manter o atendimento à população em meio à pandemia".

"Nesse quadro, seria natural que a prestação jurisdicional ficasse prejudicada. No entanto, advogados e advogadas trabalham incansavelmente, e, graças ao trabalho ininterrupto das magistradas e dos magistrados, o Poder Judiciário soube dar respostas em tempo adequado", disse Simonetti.

A OAB noticiou que seu presidente "proferiu um discurso centrado na defesa das disposições do Código de Processo Civil em relação aos honorários advocatícios e das prerrogativas da Advocacia".

Simonetti também citou a preocupação da OAB com efeitos da pandemia na vida de advogadas e advogados e elogiou o funcionamento do Poder Judiciário durante a crise sanitária.

A ordem noticiou ainda que Martins saudou os membros da comitiva da OAB, "eleitos para bem representar a advocacia brasileira no triênio que se inicia".

Desentendimentos internos

Alguns ministros atribuem a iniciativa de Martins à resistência do colegiado diante da insistência do presidente em antecipar a escolha dos magistrados que ocuparão as vagas abertas com a aposentadoria dos ministros Napoleão Nunes Maia Filho e Nefi Cordeiro.

Na sessão extraordinária, realizada depois da cerimônia de abertura do Ano Judiciário, o Pleno do STJ decidiu, por unanimidade, manter até 31 de março o regime de trabalho híbrido e a realização das sessões de julgamento por videoconferência.

Martins tentou, sem sucesso, antecipar o retorno do trabalho presencial para o dia 15 de março.

O ministro João Otávio de Noronha manifestou preocupação com a situação dos servidores.

O colegiado também adiou, de 23 de fevereiro para 12 de maio, a sessão presencial que formará as listas tríplices para a escolha dos novos ministros da corte superior.

O presidente promulgara um ato, ad referendum do Pleno, determinando que a sessão da escolha dos novos ministros não seria presencial. Levantou a possibilidade de que as listas fossem aprovadas em sessões híbridas. Ninguém aceitou.

Ficou evidenciado que Martins queria realizar a votação da lista das duas vagas de ministro o mais cedo possível. Todos foram contra, pois querem tempo para entrevistarem os postulantes, em audiência não virtual.

A ministra Regina Helena lembrou que, no ano passado, o STJ tinha deliberado que a sessão seria presencial. "Temos que ser coerentes", ela disse.

Vencido, Martins não insistiu.

OUTRO LADO

O Blog recebeu o seguinte esclarecimento, por intermédio da assessoria de imprensa do STJ:

Em resposta ao seu questionamento, o presidente do STJ, ministro Humberto Martins, esclarece que todos os convidados presentes na sessão de abertura do ano judiciário da Corte Especial apresentaram comprovante de vacinação e respeitaram a exigência do uso de máscaras e aferição de temperatura, assim como o próprio ministro Humberto Martins.

O eventual deslocamento da máscara do presidente se deu em momentos pontuais e não deve servir de sugestão ao descumprimento da medida sanitária, exigida inclusive dentro da corte, por força de resolução por ele assinada.

A realização da Corte Especial foi organizada sob as regras da Resolução STJ/GP 33 /2021, a qual liberava o acesso ao público externo, mediante as exigências sanitárias acima referidas.(*) A foto anterior, publicada por sugestão de leitores, foi retirada. Ela mostra o ministro Humberto Martins presidindo sessão sem máscara. A legenda não esclareceu que o ministro dirigia sessão do Pleno por videoconferência, entre divisórias de acrílico, sem público presente. Na sessão da Corte Especial, que presidiu em momento e local diferentes, Martins e os convidados que dividiram a mesa usaram máscaras.

(*) A foto anterior, publicada por sugestão de leitores, foi retirada. Ela mostra o ministro Humberto Martins presidindo sessão sem máscara. A legenda não esclareceu que o ministro dirigia sessão do Pleno por videoconferência, entre divisórias de acrílico, sem público presente. Na sessão da Corte Especial, que presidiu em momento e local diferentes, Martins e os convidados que dividiram a mesa usaram máscaras.

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