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Descrição de chapéu Folhajus

STF contraria norma e condena jornalista a indenizar ministro

Gilmar Mendes "jamais me atendeu", afirmou Rubens Valente no Roda Viva

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Em 17 de fevereiro de 2014, o jornalista Rubens Valente estava no centro do programa Roda Viva, da TV Cultura, para falar sobre seu livro "Operação Banqueiro", que trata da Operação Satiagraha e dos negócios de Daniel Dantas.

Oito anos depois, Valente está no centro de um debate sobre danos morais e liberdade de imprensa, condenado a pagar ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, uma indenização que contraria precedente do próprio STF.

O ministro "jamais me atendeu", afirmou o jornalista durante o programa da TV Cultura, ao responder pergunta deste editor.

Em 2014, durante o programa Roda Viva, o repórter Rubens Valente disse que o ministro Gilmar Mendes jamais o atendeu
Jornalista Rubens Valente, autor do livro "Operação Banqueiro", e Frederico Vasconcelos, editor do blog "Interesse Público", durante entrevista no programa Roda Viva - TV Cultura/YouTube

"Valente pagou R$ 143 mil ao ministro em fevereiro. E terá de honrar com mais de R$ 175 mil caso a Geração Editorial, responsável pela obra, não quite sua parte", revela Marcelo Rocha, em reportagem na Folha nesta quinta-feira (12).

"O próprio Supremo, porém, diz que nos casos de responsabilidade civil por danos morais e materiais deve ser observada 'cláusula de modicidade' ao se fixar indenização quando o suposto ofendido na honra e imagem for agente público", informa Rocha.

Gilmar Mendes alegou que o livro atacou sua imparcialidade como juiz, distorceu sua biografia e deturpou o julgamento de um habeas corpus que favoreceu Dantas, informa o jornal. Absolvido na primeira instância, Valente foi condenado nas instâncias superiores (Superior Tribunal de Justiça e STF).

"Essa decisão procura interditar o debate, impedir a livre circulação de ideias e narrativas de determinados fatos públicos", afirmou Valente à Folha. "O que o Supremo pretende com essa decisão é editar meu livro, interferir na minha narrativa, do que eu compreendo dos fatos. Não vou aceitar. Nenhum jornalista deve aceitar. É inédito."

*

Trechos da entrevista no Roda Viva:

Frederico Vasconcelos - Você tem duas qualidades que eu admiro muito. É muito generoso com os jornalistas mais experientes e com os jornalistas mais novos. E tem essa capacidade de resgatar uma história complicada...

(...)

Eu acho que há uma lacuna no seu livro. Tem dois personagens ali, que são personagens centrais: Daniel Dantas e Gilmar Mendes. Sobre Daniel Dantas, a gente está careca de saber que, quando a parte não quer sustentar alguma matéria, não dá o "outro lado". Não permite o contraditório. No livro, você explica que tentou várias vezes conversar com Daniel Dantas e não conseguiu. Mas não há nenhuma explicação para o fato de o livro ter o silêncio de Gilmar Mendes. Gilmar Mendes não aparece, não opina. Eu pergunto: como foi esse processo? Vou além, como foi a sua relação profissional com o ministro Gilmar Mendes durante esse período todo de apuração?

Augusto Nunes (moderador) interrompe - Frederico, ele fez a defesa dele, publicamente, mais de uma vez...

Frederico Vasconcelos - O livro não cita Gilmar Mendes, se foi procurado...

Augusto Nunes - Mas o livro publica as alegações de Gilmar Mendes...

Frederico Vasconcelos - Ele narra, com detalhes, que insistiu para ouvir Daniel Dantas. Mas não tem esse mesmo critério com relação ao ministro. Por que ele não aparece falando no livro? Essa é a minha pergunta. O leitor fica sem saber.

Rubens Valente - Eu procurei durante vários meses a assessoria dele. Depois, procurei o chefe de gabinete dele, também. Jamais me atendeu. Não quis falar sobre o assunto. Minha relação com ele é absolutamente profissional. Eu estive uma vez no gabinete dele, há muitos anos, 2003/2004. Não tenho absolutamente nada contra ele. Com certeza, ele também pouco me conhece. Eu acho que falamos uma vez na vida. Lamento que ele não tenha prestado sua posição.

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