Tirar fotos de gatos não é um fenômeno tão recente assim como os donos de smartphones e usuários de redes sociais podem imaginar.
Uma busca rápida na internet releva registros do século 19, ou seja, desde que essa tecnologia foi inventada.
Foi assim que a jornalista Paula Leite Moreira, 34, criou o perfil All Vintage Cats no Instagram, em maio de 2020.
"Sempre quis ter um projeto de produção de conteúdo, já que é por onde pretendo seguir minha carreira, mas nunca tinha tido um insight de algo diferente do que vemos por aí sempre", diz.
"No tédio do isolamento, vi uma foto muito antiga de um gato na internet e fiz uma baita pesquisa para encontrar mais informações sobre aquele registro. Acabei percebendo que aquilo me motivava e que poderia ser dividido com outros gateiros, além de poder concretizar o tal projeto que já tinha vontade", conta.
Gateira desde criança, quando brincava com os felinos que apareciam na chácara da família, no interior de São Paulo, ela só conseguiu convencer sua mãe a ter um pet em casa aos 17 anos.
Paula adotou Sofia, uma gatinha que completou 18 anos em 1º de janeiro.
Entre os cuidados diários que tem com a bichana idosa e o trabalho, a jornalista encontrou tempo para aprofundar sua pesquisa por gatos do passado.
"No começo foi muito mais difícil encontrar fotografias com informações confiáveis. Mas depois de um tempo, percebi que as melhores fontes eram os arquivos históricos, revistas internacionais e bancos de imagem gringos. Claro que vez ou outra encontro fotos perdidas por aí, como no Twitter ou no Pinterest. Mas vou cruzando informações até me sentir segura para publicar o registro ao menos com uma data aproximada", revela.
Sobre as melhores fotos mais antigas que ela já encontrou, Paula destaca as do fotógrafo britânico Henry Stevens. "Ele tem fotos muito fofas do século 19. Acho incrível perceber que há tanto tempo o ser humano já tinha vontade de fotografar o bicho gato, sempre tão fotogênico."
Mas as fotografias não precisam ser tão vintage para conquistar a jornalista.
"As fotos que mais me marcam são as que têm uma pegada mais artística, como as dos franceses Édouard Boubat (1923-1999) e Henri Cartier-Bresson (1908-2004), e as de gatos que estiveram presentes em conflitos e guerras históricas, como a do Vietnã e a da Coreia. Ver que alguns soldados, no meio do caos, encontraram alívio nesses gatinhos e até os salvaram, me toca demais."
Na curadoria de Paula, o limite para ser vintage é a década de 1990. "Eu estipulei um limite até a década de 1990. Afinal, mesmo tendo nascido na década de 1980, tenho que me conformar que tudo do século 20 já pode ser considerado vintage", brinca.
A jornalista também costuma tirar fotos de sua gata, mas respeita os bigodes brancos da felina. "A Sofia é extremamente fotogênica, mas tem ficado cada vez mais no cantinho dela, mais cansadinha. Eu evito ficar muito em cima porque me parece que ela quer o sossego que uma gata geriátrica merece."
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