Gatices

Para além dos bigodes, miados e ronronados =^.^=

Descrição de chapéu Pets

Gatos adultos, frajolas e escaminhas são rejeitados na adoção

ONGs dizem que enquanto uns nunca conseguem uma família, amarelos e brancos são disputados

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Muito velho, muito comum, muito feio. Com adjetivos como esses, gatinhos saudáveis e dóceis passam anos em abrigos esperando por uma família. Alguns nunca chegam a ser adotados.

Gatos de pelagem preta e branca —chamados de frajolas, em referência ao personagem da série de animação Looney Tunes—, escaminhas —fêmeas nas cores preta e amarela—, tigradinhos, além dos felinos adultos, acabam formando o grupo dos encalhadinhos.

"Algumas características do ser humano que costumam permear as relações sociais também respingam nos animais. As pessoas, em geral, querem ter algo exclusivo, diferente. Por isso, os gatinhos considerados comuns acabam ficando para trás. Os gatos preto e branco, os tigradinhos com branco, aqueles que a gente vê em maior abundância pela rua, são os menos escolhidos na hora da adoção", diz Adriana Tschernev, vice-presidente da ONG Confraria dos Miados e Latidos, de São Paulo.

"Atualmente, temos dez gatos dóceis, que amam pessoas, aguardando adoção há mais de cinco anos. Desses dez, cinco são frajolas, quatro são tigrados com branco e a outra é uma escaminha. Temos um frajola filhote, o Patrício, que passou 30 dias em uma unidade da Petz em exposição e não foi adotado. Normalmente, filhotes são adotados na mesma semana", conta Adriana.

Susan Yamamoto, uma das fundadoras da ONG Adote Um Gatinho, tem uma percepção parecida. "As pessoas preferem gatos de cores claras. Acho que é uma questão cultural. Há muitos anos, li que em outros países os gatos pretos são os mais procurados, isso está longe de ser a nossa realidade. Aqui, os loirinhos são escolhidos primeiro, assim como acontece na adoção de bebês humanos", observa.

Tanto Susan quanto Adriana concordam que os bichanos de pelos claros e novinhos são os mais disputados. "Essa é a combinação perfeita: filhote, de cor clara, olho azul e pelo longo. Se todos fossem assim, não haveria mais gatos abandonados", observa Adriana.

A vice-presidente da Confraria dos Miados e Latidos diz que os gatos amarelos e peludos estão entre os mais disputados. "Nesses casos, chegamos a receber dezenas de interessados. A parte triste é que, dessas dezenas de pessoas que se interessam por um único gatinho, poucas topam conhecer outro, de outra cor, quando o objeto do seu interesse deixa de estar disponível. Chegam até a brigar com a gente", afirma.

Quanto aos gatos pretos, Susan revela que percebeu uma maior procura depois que as ONGs começaram a fazer campanhas explicando que eles não dão azar. "Hoje temos notado um interesse maior pelos gatos pretos exatamente pela fama de serem os menos desejados."

Para Susan, um ponto que difere o caso dos gatos pretos do de outros felinos preteridos é que eles têm a questão de serem associados à bruxaria. Por esse motivo, as pessoas teriam se engajado mais para acabar com esse preconceito.

"Acho que as campanhas para doar os gatos pretos tinham um discurso a mais, aquela coisa de 'gato preto não dá azar'. Uma causa, um preconceito a quebrar. No caso dos frajolas e das escamas, não tem nada além envolvido do que a estética. Quem não gosta de gatinhos dessas cores alega que os frajolas são muito comuns e as escaminhas são feias, com o pelo todo manchado", diz.

Adriana relata que a Confraria tem feito esforços para que os adotantes ampliem mais o leque na hora de escolher um bichano.

Uma dessas iniciativas é o Domingo do Amassa Gato, que funciona como uma espécie de "test drive". Com horário agendado, os pretendentes podem ir até o abrigo para brincar com os pets e conhecer um pouco da personalidade de cada um.

Outra iniciativa da Confraria é voltada para os gatinhos com doenças crônicas. "Nós temos um projeto pioneiro que é o Quarto de Cuidados Paliativos. São animaizinhos que combatem doenças crônicas para as quais não existe cura, como a doença renal, por exemplo. Nesse cômodo, eles recebem ração especial, maior oferta de ração úmida e um olhar mais apurado dos nossos cuidadores e veterinários", conta Adriana.

Os gatinhos que vivem nesse espaço podem ser adotados com guarda compartilhada com a ONG. "Para que o animalzinho possa conhecer o que é ter uma família e uma casa só dele, mas ao mesmo tempo o adotante não precise enfrentar todos os obstáculos sozinho, possa contar com nosso suporte", ressalta.

"Nesse momento, infelizmente, não temos ninguém nessa modalidade, mas é algo que é sempre muito benéfico para o gatinho. Temos o Cosme, por exemplo, que é um gatinho renal super carente e carinhoso, que se joga aos pés dos visitantes, mas que por sua condição segue conosco no abrigo", diz.

Atualmente, a Confraria dos Miados e Latidos tem 134 gatinhos disponíveis para adoção e a Adote Um Gatinho tem 200. Os bichanos são anunciados nas páginas das ONGs em miadoselatidos.org.br/gatos-para-adocao e adoteumgatinho.com.br/gatinhos-para-adocao.

Siga o blog Gatices no Twitter, Instagram e Facebook.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.