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Memes da bebê Alice levantam debate sobre uso de imagem

Mãe da menina se posicionou pedindo para que não a associem a mensagens políticas e religiosas

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Guaratinguetá (SP)

Ela tem dois anos de idade e já contracenou com uma das atrizes mais importantes da dramaturgia brasileira. Com apenas cinco frases, a participação da bebê Alice no comercial de fim de ano do banco Itaú, ao lado de Fernanda Montenegro, deu o que falar nas redes sociais.

Como ela conseguiu esse papel tão jovem? A menina é um fenômeno de engajamento no conteúdo "nada anticoncepcional" publicado por sua mãe, Morgana Secco, no Instagram, YouTube e TikTok.

Com a dicção invejável para uma criança de dois anos, Alice costuma repetir frases ditas pela mãe e pede por novas palavras. "Liquidificador", "peripécias", "paralelepípedo", "ornitorrinco" são algumas das palavras pronunciadas com confiança pela menina. Vídeos da bebê passeando e "lendo" livros somam milhões de visualizações nas redes sociais desde o início de 2021.

O sucesso e o carisma de Alice logo foram percebidos. A menina deu entrevista para telejornais da TV Record e SBT, participou de campanhas com a GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer) e, em julho de 2021 fechou sua primeira parceria comercial com o banco Itaú.

A primeira campanha causou o burburinho usual. "Nunca vai existir propaganda melhor que essa, Alice estoura o fofurômetro sempre", "É ESSE CONTEÚDO QUE EU GOSTO DE VER! Alice, minha influencer preferida", foram alguns dos comentários de usuários.

Com o sucesso, Alice já era uma popstar das redes quando veio campanha ao lado de Fernanda Montenegro. Em 13 de dezembro de 2021 estreou a peça publicitária, assinada pela agência África, que já soma mais de 53 milhões de visualizações no canal oficial do banco no YouTube.

Na propaganda, Alice diz palavras como "amor", "respeito", "esperança", que "mudam o mundo", de acordo com o mote da campanha.

Mas, dessa vez, a repercussão foi diferente e a bebê passou a estrelar memes. Como este, que ilustra o medo de todo brasileiro na primeira semana de 2022:

Alguns dos memes criticavam a política de juros do banco e tinham mensagens políticas:

Diante dos memes, a mãe de Alice se posicionou nas redes sociais. Morgana Secco publicou uma série de stories em que pedia para que as pessoas não associassem a imagem da filha com mensagens de cunho político ou religioso.

O posicionamento dividiu opiniões.

O discurso de ódio tem sido direcionado para a criança de 2 anos.

Em entrevista à BBC, Morgana Secco, mãe de Alice, disse ter muito cuidado com o que compartilha nas redes sociais e que não passa o dia todo filmando a filha. "Alice não vê TV nem sabe o que é celular".

Regras no Brasil

A publicidade infantil - de produtos voltados especificamente às crianças - é ilegal no Brasil. A lei nº 8.078/1990 do Código de Defesa do Consumidor classifica a prática de direcionar publicidade para o público infantil como abusiva e ilegal.

Porem, não é ilegal contratar crianças para estrelar propagandas de empresas, desde que se siga as regras do Conar (Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária), do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, e do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Estes órgãos exigem autorização e acompanhamento dos responsáveis pela criança, que firmam o contrato empresarial. É recomendado pelo Conar que crianças não façam propagandas de produtos como bebidas alcoólicas, jogos de azar e armas de fogo, nem apelem para o consumo. O direito de imagem é assegurado aos responsáveis e uso específico no contexto da propaganda.

As redes sociais são, sempre, implacáveis. Inclusive com crianças de dois anos ou mais. Por mais que a imagem da criança tenha sido autorizada para uso exclusivo no contexto da propaganda, é praticamente impossível controlar a velocidade dos memes e paródias. Já vimos o estrago que campanhas de desinformação e fake news podem causar, por exemplo. Portanto, todo cuidado é pouco.

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