Nesta terça-feira (8), durante anúncio de projeto que prevê distribuição gratuita de absorventes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse uma frase que viralizou nas redes sociais. "Hoje em dia as mulheres estão praticamente integradas à sociedade. Nós as auxiliamos, estamos sempre ao lado dela, não podemos mais viver sem ela ". Usuários se manifestaram com incredulidade.
Bolsonaro, que havia vetado a distribuição de absorventes em outubro de 2021, anunciou o projeto com o objetivo de fortalecer sua imagem diante do público feminino, que pode ser determinante nas eleições 2022. Não foi dessa vez. A predominância da cor rosa no cenário e na própria gravata de Bolsonaro foi utilizada para apontar o machismo em sua fala.
Vamos, mulheres! Evento por presença de mulheres na política, mas sem nenhuma representante, também circulou na internet e endossou críticas.
O acontecimento fez com que alguns recuperassem episódios e falas sexistas do presidente. Comparações políticas com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também apareceram.
Em tom de ironia, uma usuária do Twitter se referiu a si mesma como ‘’praticamente integrada à sociedade" e divulgou seu trabalho.
A reação nas redes sociais foi também intensa a um comentário do procurador-Geral da República. Augusto Aras afirmou que as mulheres têm "o prazer de escolher a cor das unhas" e também "o sapato" que vão calçar.
A fala de Aras ocorreu durante o seminário Dia Internacional da Mulher, promovido nesta terça pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).
"Esse dia é um dia de homenagem à mãe, às filhas. É um dia de homenagem à mulher. À mulher no seu sentido mais profundo, da sua individualidade, da sua intimidade. À mulher que tem o prazer de escolher a cor da unha que vai pintar. À mulher que tem o prazer de escolher o sapato que vai calçar", disse.
E prosseguiu: "Pouco me importa que tipo de escolha ela faça, porque essas maravilhosas mulheres que integram as nossas vidas e as nossas instituições são tão dedicadas a todas as causas em que se envolvem".
Em nota divulgada nesta quarta-feira (9), a ANPR Mulheres, grupo que faz parte da associação nacional que representa a categoria, afirmou que "reforçar estereótipos femininos, no âmbito do Ministério Público Federal, invisibiliza os relevantes trabalhos desenvolvidos pelas procuradoras da República e reduz o papel" por elas desempenhado na instituição.
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