"Pressentimento" e "rumores do alto" foram as expressões utilizadas por Milton Ribeiro e sua esposa ao telefone ao se referir à possibilidade de uma operação da Polícia Federal para investigar a atuação do ex-ministro da Educação e pastores ligados ao presidente de organizar um balcão de negócios no MEC.
Uma interceptação telefônica feita pela Polícia Federal sugere que Milton Ribeiro passou a suspeitar de que seria alvo de busca e apreensão após uma conversa com Bolsonaro. Em ligação com a filha, em 9 de junho, Ribeiro disse que o presidente havia ligado para dizer que teve um "pressentimento" de que poderiam usar o ex-ministro para tentar atingi-lo.
No mesmo dia da ligação, Bolsonaro esteve com ministro da Justiça, Anderson Torres. Como titular da Justiça, Torres tem sob a aba do seu ministério a Polícia Federal, responsável pela operação Acesso Pago, que prendeu e fez busca e apreensão em endereços de Ribeiro e pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
Em outro áudio obtido pela PF, a esposa do ex-ministro, Myrian Ribeiro, diz ao interlocutor "Edu" que Milton teme uma operação, devido a "rumores do alto". A ligação foi feita na quarta-feira (22), dia da operação.
O papo místico fez com que os internautas se lembrassem de outras grandes figuras sensitivas do Brasil, como Mãe Diná, Márcia Sensitiva e o saudoso Walter Mercado. Os memes místicos surgiram:
Solução em até 3 dias ou seu dinheiro de volta.
Ligue Djá!
A suspeita de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal fez com que o caso fosse levado ao Supremo Tribunal Federal. O juiz Renato Coelho Borelli , da Justiça Federal do Distrito Federal, deu a decisão após o Ministério Público Federal apontar "indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações".
Apoiadores do presidente saíram em defesa e dizem que "pressentimento" não é prova de nada.
Pressentir é crime?
Esta não é a primeira vez em que o nome do presidente é atrelado a ingerências em órgãos públicos. Entenda o caso.
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