Desde segunda-feira (31), quando apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram as manifestações golpistas com bloqueios de rodovias e, no Dia de Finados, foram para a frente de quartéis pedir golpe militar, circulam nas redes sociais vídeos e registros de toda sorte: da saudação semelhante à nazista em Santa Catarina ao atropelamento que feriu crianças em Mirassol (SP), passando por Cássia Kis ajoelhada na chuva rezando.
Assim, alguns têm comparado o comportamento de derrotados e vitoriosos nas eleições de 2018 e 2022. Além das reações de apoiadores, o contraste entre a postura do então candidato petista, Fernando Haddad, que perdeu para Bolsonaro nas urnas há quatro anos, também tem sido apontado.
Na ocasião, Haddad não ligou para o adversário para reconhecer a derrota, atribuindo a ausência do gesto aos ataques que sofreu ao longo da campanha. Ele parabenizou Bolsonaro por uma postagem no Twitter.
Haddad não era o presidente em exercício, cargo ocupado por Michel Temer (MDB) à época, portanto não tinha a obrigação institucional. Em postagens, bolsonaristas lembram que não houve a tradicional ligação.
Já em 2022, o presidente Bolsonaro ficou em silêncio por 45 horas após a confirmação dos resultados e, em seu primeiro pronunciamento, falou em indignação e injustiça —e ainda não fez a ligação. Apesar de ter criticado o método de bloquear rodovias, seus apoiadores entenderam o curto discurso como uma senha para que continuassem a se manifestar e pedir por golpe militar.
"Ninguém solta a mão de ninguém" foi um dos grandes motes da esquerda derrotada em 2018.
Após a eleição de Lula, bolsonaristas, por sua vez, promoveram a hashtag "luto".
E foram criticados por, na esteira de Jair Bolsonaro, não terem expressado o mesmo sentimento pelos quase 700 mil mortos na pandemia. Alguns internautas relembraram frases do presidente que marcaram o período, por exemplo, "E daí? Não sou coveiro" ou "Chega de frescura e de mimimi, vão ficar chorando até quando?"
Nesta quinta (3), ainda há bloqueios golpistas pelo Brasil, mas numa escala menor, mesmo após Bolsonaro pedir a seus apoiadores que liberassem as vias. "Quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias, isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder nós aqui essa nossa legitimidade", afirmou o presidente em vídeo publicado nas redes sociais.
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