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Ataque golpista é evento político que mais movimentou redes no último ano

Interações foram cinco vezes maiores do que no dia da posse de Lula, mostra levantamento

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São Paulo

Apesar de 2022 ter sido um ano eleitoral conturbado, o episódio político que mais movimentou as redes sociais nos últimos 12 meses foi o ato golpista que tomou a Praça dos Três Poderes, em Brasília, neste domingo (8).

Até esta quarta-feira (11), o volume de conversas em português envolvendo o ataque no Distrito Federal chegou a 7,3 milhões de menções no Instagram, Facebook e no Twitter, de acordo com levantamento feito pela BuzzMonitor, plataforma de monitoramento de redes sociais.

Vândalos golpistas invandem a praça dos Três Poderes e depredam os prédios. Na imagem mulher em frente ao STF (Foto: Gabriela Biló /Folhapress) - Folhapress

Nos três dias que sucederam a invasão extremista na capital, foram 5,5 milhões citações, cinco vezes o volume referente à posse do presidente Lula (PT), que no dia 1º de janeiro já havia superado outro evento de destaque no ano anterior: a final da Copa do Mundo, com 970 mil menções.

A maior parte da discussão aconteceu no Twitter, que representa 95% das menções ao episódio nas redes, enquanto Facebook e Instagram são juntos responsáveis por 5% das interações.

Os dados coletados podem ser inferiores ao número real de citações, já que a Meta, empresa que detém essas plataformas, impõe mais barreiras às informações de seus usuários, segundo Breno Soutto, diretor de inteligência da BuzzMonitor.

Além do volume de dados captados, os tipos de conteúdos com mais interações nessas redes também diferem.

No Facebook, os conteúdos opinativos e canais conservadores se destacam. Um vídeo do pastor Silas Malafaia comparando o ato golpista a atos do MST alcançou 212 mil interações só entre domingo e segunda-feira (9), e as transmissões em tempo real dos atos em Brasília, feitos pelos canais da Band Jornalismo e da Jovem Pan, que dá voz ao bolsonarismo, chegaram a 147,8 e 87,6 mil interações, respectivamente.

Parte do alcance tem a ver com o algoritmo da plataforma, que entrega conteúdos similares para pessoas que se seguem, por exemplo.

Para Paulo Ramirez, cientista político e professor da FESPSP ( Fundação Escola de Sociologia de São Paulo) e da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), as transmissões ao vivo feitas pelos próprios golpistas também podem ter aumentado o interesse das pessoas nas redes.

Com diversos grupos em aplicativos de mensagens, os bolsonaristas articulam suas ações por meio das redes, e o discurso conservador como o recorde de interações no Facebook é um exemplo de identificação para quem está descontente. "As redes sociais acabam concentrando um discurso extremista, que valida uma visão de mundo conservador, reacionário e baseado no fundamentalismo religioso", diz Ramirez.

Os atos golpistas, que questionam a vitória eleitoral do presidente Lula foram insuflados pela retórica golpista do ex-presidente Bolsonaro no período eleitoral. Para Marcelo Vitorino, professor de marketing político da ESPM, a postura de Bolsonaro em ocasiões como o último 7 de setembro, quando criticou o STF (Supremo Tribunal Federal) e mobilizou apoiadores em todo o país, gerou uma frustração diante da sua derrota. Um dos resultados foi visto em 8 de janeiro.

Outro catalisador dos atos golpistas é a desinformação, marca do governo Bolsonaro. A partir da lógica das fake news, agora bolsonaristas tentam desvincular o grupo dos atos criminosos, investindo em uma teoria falsa de petistas infiltrados.

Ainda assim, apesar dos dados expressivos de interações com conteúdos mais conservadores no Facebook, o panorama geral das redes foi contrário aos golpistas.

Assim como o Datafolha apontou reprovação dos atos golpistas entre 93% dos entrevistados, a BuzzMonitor também identificou essa tendência. Nas redes, 72,7% das menções à invasão e aos manifestantes foram negativas, assim como 57,9% das publicações ligando o nome de Bolsonaro ao caso. Já as publicações positivas sobre o presidente Lula com relação ao ato somaram 45,7%.

Essa classificação positiva ou negativa é feita por Inteligência Artificial, por meio de um algoritmo que identifica padrões de linguagem e indica os posicionamentos dos usuários, afirma a BuzzMonitor.

Para Taís Seibt, professora e pesquisadora do Instituto de Cultura Digital da Unisinos, a reprovação do episódio golpista é positiva para a democracia. "Isso sugere que o apoio popular tão falado entre os bolsonarista é, na verdade, de uma minoria. Isso afasta um pouco a ideia de golpe com apoio da população", diz.

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