Devido ao impacto causado naturalmente pela corrida, essa atividade sempre foi vista como vilã dos joelhos. Reportagem do New York Times, no entanto, jogou uma nova luz sobre o tema, trazendo uma série de cuidados que o corredor pode manter para proteger essa parte do corpo tão vital para a prática —e para o dia a dia.
O ponto de partida é um estudo recente que, ao rever 43 pesquisas anteriores de ressonâncias magnéticas, descobriu não haver evidências de que a corrida cause dano de curto ou longo prazo na cartilagem do joelho. Apesar da boa notícia, a pergunta que ficou foi: se deixar de correr não significa uma proteção, como se prevenir?
O jornal americano destaca que pesquisadores, ao fazerem uma revisão de estudos que relacionam corrida e cartilagem, observaram que atividades cíclicas de sustentação de peso, como caminhar e correr, apertam a cartilagem da articulação do joelho, levando-a a expelir resíduos e extrair novos suprimentos de um fluído rico em nutrientes e oxigênio a cada passo.
Isso significa, segundo a pesquisadora Michaela Khan, da Universidade da Colúmbia Britânica, que a cartilagem é um tecido que se adapta e prospera com o uso regular. E também ajuda a explicar por que mudar de atividade ao primeiro sinal de dor é contraproducente. Ao passar para um exercício de baixo impacto, como nadar ou andar de bicicleta, em vez de fortalecer a cartilagem, o atleta acaba a matando de fome.
A suplementação pode ser uma aliada, mas nunca será a salvação e sempre deve ser administrada com acompanhamento de um especialista —já falei sobre isso aqui no blog. Segundo Jackie Whittaker, também pesquisadora na Universidade da Colúmbia Britânica, falou ao NYT, o mais importante continua sendo a prática de atividades cíclicas de sustentação, além de não interromper completamente o exercício ao primeiro sinal de dor.
Ainda que os benefícios reais da ingestão de suplementos não tenham sido amplamente comprovados, há alguns indícios. Um pequeno estudo de 2011 do Tufts Medical Center descobriu que a qualidade da cartilagem no joelho melhorou após seis meses de ingestão diária de 10 gramas de colágeno.
Mais recentemente, uma outra pesquisa sobre ligamentos cultivados em laboratório, que, como a cartilagem, são feitos principalmente de colágeno, também apoia a ideia de que consumir colágeno antes do exercício pode desencadear uma nova síntese da substância no corpo.
Mas além de "alimentar" a cartilagem, é preciso ter constância e respeitar os próprios limites. O estresse pode ser benéfico, mas precisa ser dosado. Não adianta do dia para a noite sair dos 5 km para 15 km. É preciso evoluir gradualmente, ao longo de semanas.
De acordo com a reportagem, um dos parâmetros para identificar a sobrecarga é se a dor persistir por mais de uma hora após o exercício ou aparecer na manhã do dia seguinte. Isso não quer dizer também que seja necessário interromper por completo a atividade, mas ajustar como esse treinamento está sendo feito.
A constância está diretamente ligada aos perigos do atleta de fim de semana. O seu joelho só vai conseguir suportar aquilo para que foi preparado nas semanas e meses anteriores.
E é sempre bom lembrar: na dúvida, procure um médico.
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