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Máquinas do tempo - Eduardo Sodré
Eduardo Sodré

Ford Maverick supera Fiat Toro em porte e desempenho, mas perde no custo-benefício

Utilitários passaram pelo Teste Folha-Mauá; conheça os resultados

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Um botão desconhecido no meio do painel desperta a curiosidade. O motorista pressiona e ouve o barulho de uma janela elétrica se abrindo. Ao olhar pelo retrovisor, descobre que o vidro traseiro da Maverick está aberto.

Ford lança picape Maverick
Picape Maverick é equipada com conectores para reboque - Divulgação

Importada do México, a novidade da Ford se vale dessas soluções diferentes para convencer o público a investir R$ 240 mil em uma picape com motor a gasolina. Um belo motor, como mostram os números aferidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia.

O 2.0 turbo levou a Maverick aos 100 km/h em 7,8 segundos. Trata-se de um empate técnico com a Volkswagen Amarok V6 Highline (R$ 309,7 mil), que é referência em desempenho entre os modelos de porte médio. Mas essa não é a principal concorrente.

A briga direta da Ford será com a Fiat Toro, que passou pelo teste Folha-Mauá na versão Ranch (R$ 212,2 mil). Seu motor também é um 2.0 turbo (170 cv), porém movido a diesel.

Embora supere com folga a rival no quesito desempenho, a Ford tem a desvantagem de custar mais e não trazer o conjunto mecânico mais valorizado pelos consumidores desse tipo de veículo.

Motores turbodiesel são desejados no segmento de utilitários, tanto pela autonomia associada ao menor custo de combustível como pela menor depreciação.

Em geral, modelos com motores flex ou apenas a gasolina custam menos. Mas não é o caso desse comparativo.

A Ford é mais cara, mas tem maior porte e transmite robustez, característica que vai além do visual. Seu interior é menos rococó que o da Toro, além de ter botões e comandos que transmitem durabilidade.

O porte da Maverick remete às picapes cabine dupla dos anos 1990, e é preciso admitir que a Ford sabe fazer esse tipo de carro. A posição de dirigir é típica dos utilitários de luxo, e há regulagens elétricas para o banco do motorista.

O motor tem mais força do que o necessário. Sobra potência e torque, o que justifica os números mais para esportivo do que para utilitário.

A Toro é mais mansa, e isso também é uma qualidade. A fabricante fez um trabalho elogiável de isolamento acústico: o motorista esquece que se trata de um modelo com motor a diesel.

A picape da Fiat mantém o comando de seta que, de tão leve, faz o farol alto piscar quando o motorista aciona a alavanca. É um ponto que destoa em uma cabine bem resolvida.

Já a Ford fica devendo um retrovisor interno antiofuscante. Se um carro com farol alto vier atrás, o motorista vai ter que meter a mão no espelho para reduzir o incômodo.

Em comum, as versões Lariat e Ranch trazem forrações que imitam couro marrom. A Maverick ainda usa partes em azul-marinho, enquanto a Toro exibe molduras plásticas que remetem à madeira no painel.

A Ford também leva vantagem no espaço disponível no banco de trás, sendo mais confortável até que a picape média Ranger, movida a diesel. Mas há uma questão difícil aí.

A Maverick é vendida em versão única e custa praticamente o mesmo que a Ranger XLS 4x4 (R$ 244 mil), que também oferece um bom pacote de itens de série. Ou seja, se o consumidor estiver interessado em uma picape Ford, terá opção de melhor custo-benefício disponível na concessionária.

E por falar em custo-benefício, a Fiat Toro Ranch se destaca. Por R$ 212,2 mil, o proprietário terá –além do motor a diesel e da tração integral– sistema multimídia com tela de 10 polegadas, sete airbags, capota marítima e sistema de frenagem autônoma, entre outros itens.

A Maverick também traz esses equipamentos, embora a tela da Central multimídia seja menor, com oito polegadas, e a capota tenha de ser comprada como opcional. Mas o que de fato limita seu mercado é a falta de versões com preço abaixo de R$ 200 mil.

A Ford quer posicionar sua novidade como uma alternativa aos SUVs do porte de Volkswagen Taos e Toyota Corolla Cross. Faz sentido, principalmente ao se considerar o desempenho e a versatilidade.

Mas ao se pensar especificamente no mercado de picapes, a disputa é mais acirrada. A Toro atende a uma gama maior de consumidores com suas diversas versões, e quem deseja mais pode partir direto para uma picape média com câmbio automático.

A Maverick fica no meio do caminho, como se fosse um segmento em si. A solidão da versão Lariat pode acabar quando a fila de espera nos EUA for reduzida e a montadora puder trazer mais opções do modelo ao Brasil.

Ford apresenta picape Maverick no Brasil
Ford apresenta picape Maverick no Brasil - Folhapress

Ford Maverick Lariat

Preço: R$ 240 mil
Motor: dianteiro, transversal, a gasolina, 2.0 turbo
Potência: 253 cv a 5.500 rpm
Torque: 38,7 kgfm a 3.000 rpm
Transmissão: Tração integral, câmbio automático de oito marchas
Pneus: 225/65 R17
Peso: 1.744 kg
Caçamba: 943 litros
Comprimento: 5,07 m
Largura: 1,84 m
Altura: 1,73 m
Entre-eixos: 3,08 m
Capacidade de carga: 617 quilos
Aceleração: (0 a 100 km/h): 7,8s
Retomada (80 km/h a 120 km/h): 5,1s
Frenagem: (80 km/h a 0): 42,8 m
Consumo urbano: 9,0 km/l
Consumo rodoviário: 15,2 km/l

Fiat Toro Ranch 2022
Fiat Toro Ranch 2022 - Divulgação

Fiat Toro Ranch

Preço: R$ 212,2 mil
Motor: dianteiro, transversal, a diesel, 2.0 turbo
Potência: 170 cv a 3.750 rpm
Torque: 35,7 kgfm a 1.750 rpm
Transmissão: Tração integral, câmbio automático de nove marchas
Pneus: 225/60 R18
Peso: 1.930 kg
Caçamba: 937 litros
Comprimento: 4,95 m
Largura: 1,85 m
Altura: 1,73 m
Entre-eixos: 2,99 m
Capacidade de carga: 1.010 quilos
Aceleração: (0 a 100 km/h): 11,6s
Retomada (80 km/h a 120 km/h): 8,1s
Frenagem: (80 km/h a 0) 33 m
Consumo urbano: 11,3 km/l
Consumo rodoviário: 14,2 km/l

Medições de consumo e desempenho feitas pelo Instituto Mauá de Tecnologia

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