Uma febre persistente levou os pais de Luisa Queiroz, 4, ao pronto-socorro em março deste ano. Preocupados com o coronavírus, eles ficaram assustados com o resultado do hemograma, que trazia o número de leucócitos quase 50 vezes maior que o valor de referência para a idade da filha.
Por serem médicos, perceberam rapidamente que a situação era grave. "A vontade é de gritar, berrar e chorar compulsivamente, mas como nossa filha estava ativa e alerta diante de nós, procuramos nos manter o mais firmes possíveis para ela não se preocupar naquele momento", conta a mãe, Elisa Queiroz, 37.
Luisa foi diagnosticada com leucemia linfoblástica aguda e precisou passar por inúmeras internações para realizar sessões de quimioterapia, transfusão de sangue e combater algumas infecções pelo caminho.
Em novembro, a leucemia chegou a apresentar remissão, mas há duas semanas alguns exames mostraram que a doença voltou, indicando o transplante como única saída para o caso dela.
Apesar do tratamento pesado, Elisa conta que Lulu, como é chamada pela família, é muito compreensiva. Sobre a queda do cabelo, ela brinca dizendo que agora se parece ainda mais com o avô materno, que é calvo. "Contamos sempre a verdade de forma lúdica. Falamos que um bichinho muito malvado foi morar no sangue dela, e que ele tem medo de hospital. Então, lá é um lugar seguro para ela", explica.
Em relação às medicações, a mãe diz que os soros têm superpoderes. "Quando a dor está fraquinha, ela pede o Robin, que é a dipirona. Mas quando está muito forte, ela pede do Batman, que é a morfina".
O pó mágico da Sininho entra em cena quando ela precisa dormir para um procedimento mais invasivo e todas as máquinas de infusão também têm apelidos. "A alma dela nunca esteve doente, pois continua sendo a mesma Luisa, brincando e sorrindo sempre", conta a mãe.
Para receber uma medula nova, Luisa passa agora pela imunoterapia. São 29 dias seguidos de medicação com efeitos colaterais mais intensos, mas que devem preparar seu corpo enquanto aguarda um doador compatível para realizar o transplante.
SEJA UM DOADOR
Para se tornar um doador de medula, é preciso ter entre 18 e 35 anos. Em um primeiro momento, é preciso preencher uma ficha e doar uma pequena amostra de sangue em um Hemocentro.
Se você está em São Paulo, pode se cadastrar na Santa Casa de Misericórdia. O agendamento é realizado pelo telefone (11) 2176-7249. O Hospital da Unifesp também recebe doadores. Basta ligar para (11) 5576-4240.
Outros locais pelo país estão listados no site do Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea).
Como a compatibilidade da medula é determinada pela genética, é preciso esperar o sistema encontrar um paciente compatível. Em caso positivo, você será chamado para colher uma nova amostra de sangue e confirmar a compatibilidade. O banco de dados sobre doadores é mundial, ou seja, sua doação pode salvar uma vida em qualquer lugar do mundo.
"Lembre-se de sempre atualizar seus dados, pois o paciente compatível pode aparecer a qualquer época de sua vida e você deve ser encontrado rapidamente", orienta o Redome.
Ao ser chamado para doar, novos exames serão feitos e será decidido se a coleta será através de aférese (por filtragem do sangue) ou por punção no osso da bacia.
No primeiro modo, o doador toma uma medicação por cinco dias para aumentar a produção de células-tronco. No sexto dia, o sangue é filtrado por uma máquina que retira as células-tronco e devolve o sangue para as veias.
No segundo, a coleta é realizada pelo osso da bacia. O procedimento dura 60 minutos e é feito com anestesia.
QUEM NÃO PODE SE CADASTRAR?
Portadores de HIV/ AIDS;
Portadores de Hepatite B e C;
Pessoas que tem ou já tiverem algum tipo de câncer;
Pessoas que tenham doenças autoimunes, como artrite reumatóide, lupus, fibromialgia, esclerose múltipla, psoríase, vitiligo, Síndrome de Guillain-Barre, Púrpura, síndrome antifosfolipidica, sindrome de Sjogren, doença de Crohn e espondilite anquilosante;
Pessoas que tenham Epilepsia;
Portadores de DST, com exceção de Herpes, HPV, Clamídia e Sífilis. As informações são do Ameo (Associação da Medula Óssea).
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