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Salvador Nogueira

Missão a Urano deve ser prioridade da Nasa na próxima década

Relatório também defende a importância de completar retorno de amostras de Marte

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Urano deve ser a nova prioridade do programa de exploração espacial robótica da Nasa para a próxima década. Sétimo planeta a contar do Sol, ele foi visitado apenas uma vez, pela Voyager-2, em 1986.

Não é ainda uma definição oficial, mas trata-se de uma das principais recomendações do relatório decenal de ciência planetária apresentado na última terça-feira (19) pelas Academias Nacionais de Ciências dos EUA. É praxe a Nasa seguir de perto as sugestões.

Cobrindo o planejamento para o período 2023-2032, o documento sugere que a agência espacial inicie o mais rapidamente possível os trabalhos em um orbitador uraniano, a viajar com uma sonda atmosférica. Urano e Netuno, o oitavo planeta, são muito parecidos entre si, e bem diferentes dos demais mundos do Sistema Solar. São gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno, mas menores e com maior percentual de gelos em sua composição. Além disso, são similares em tamanho a muitos exoplanetas já descobertos.

Imagem do Telescópio Espacial Hubble mostra os anéis e luas de Urano, sétimo planeta do Sistema Solar.
Imagem do Telescópio Espacial Hubble mostra os anéis e luas de Urano, sétimo planeta do Sistema Solar. - AFP/Nasa

Segundo o relatório, Urano e Netuno atraem mais ou menos os mesmos interesses, e aí o primeiro ganha a competição por questões orbitais: está mais perto. Idealmente, os cientistas gostariam de ver o planejamento dessa missão capitânia iniciado em 2024, com decolagem marcada para 2031 ou 2032. Nessas ocasiões, seria possível usar uma passagem por Júpiter no meio do caminho como um estilingue gravitacional para chegar mais depressa a Urano. Caso janelas posteriores sejam escolhidas, as estilingadas terão de ser dadas pelos planetas mais internos, o que aumentaria o tempo de viagem.

Se houver espaço para a abertura de uma segunda missão capitânia no período, o relatório sugere um orbitador e módulo de pouso para Encélado, a pequena lua de Saturno com um oceano subsuperficial e gêiseres que permitem acesso mais fácil a seu conteúdo. O principal objetivo seria investigar a habitabilidade do oceano e saber se há vida lá.

Entre os projetos já em andamento, a maior prioridade para a década é a missão de retorno de amostras de Marte. Conduzida em parceria por Nasa e ESA (Agência Espacial Europeia), ela deve ser composta por vários lançamentos, viabilizando a viagem à Terra das amostras colhidas atualmente pelo rover Perseverance no planeta vermelho. Para o futuro do programa de investigação marciana, os cientistas recomendam uma missão batizada de Mars Life Explorer. Em contraste com o Perseverance, que busca sinais de vida no passado de Marte, a futura missão tentaria detectar algum sinal de vida ainda hoje naquele mundo.

Para completar, o documento realça a importância de reajustar os tetos para missões mais baratas (cada projeto da classe Discovery poderia custar até US$ 800 milhões, e da classe New Frontiers, US$ 1,65 bilhão), além de criar maior sinergia entre o programa Artemis, de retorno tripulado à Lua, e objetivos de ciência planetária em solo lunar.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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