A Boeing tentará nesta quinta-feira (19) pela segunda vez levar sua cápsula Starliner à Estação Espacial Internacional (ISS). O lançamento acontece às 19h54 (pelo horário de Brasília), caso não haja impedimentos técnicos ou meteorológicos.
A cápsula será impulsionada por um foguete Atlas 5, da empresa ULA (United Launch Alliance), e a previsão do tempo dá 70% de probabilidade de boas condições para a decolagem, que deve acontecer da plataforma 41, em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA).
A primeira tentativa aconteceu em dezembro de 2019, num voo marcado por problemas técnicos. Falhas de software embarcado no computador de bordo levaram a cápsula a disparar inadvertidamente seus propulsores ao atingir a órbita, o que tornou impossível um encontro posterior com a ISS. Por pouco, a cápsula não fez uma reentrada intempestiva na atmosfera, o que seria um evento crítico caso ela estivesse tripulada.
Com os problemas, a companhia decidiu bancar do próprio bolso um segundo voo de demonstração não tripulado, antes que se dissesse pronta para transportar astronautas a serviço da Nasa. Essa nova missão de teste quase aconteceu no ano passado, mas de novo foi afetada por problemas técnicos: na manhã do lançamento, em agosto de 2021, testes revelaram que 13 válvulas do sistema de propulsão da nave se mostraram travadas.
Uma investigação se seguiu e até hoje há conflito entre a empresa que forneceu o sistema de propulsão, a Aerojet Rocketdyne, e a Boeing. Segundo o relatório final, o problema ocorreu em uma interação não prevista entre a umidade da Flórida, o propelente tetróxido de nitrogênio e as partes de alumínio das válvulas. A Aerojet Rocketdyne nega que seja isso e atribui o problema ao uso equivocado de um produto de limpeza nas válvulas. Fato é que elas não puderam ser consertadas, e a Boeing decidiu usar um novo módulo de serviço para o voo de demonstração. Ainda há discussão se, para o futuro, será preciso redesenhar algo no sistema de propulsão.
Por ora, tudo que a Boeing quer é realizar um voo bem-sucedido até a estação e de volta, qualificando-se para transportar astronautas na próxima missão e cumprindo o contrato originalmente fechado com a Nasa em 2014.
Na ocasião, Boeing e SpaceX foram as duas ganhadoras da disputa, oferecendo o desenvolvimento de sistemas próprios de transporte de tripulação (as cápsulas Starliner e Crew Dragon), bem como ao menos dois voos de demonstração, um sem e outro com humanos a bordo, por US$ 4,2 bilhões e US$ 2,8 bilhões, respectivamente. A Boeing ainda chegou a ter um aditivo que expandiu seu valor por US$ 5 bilhões, mas ainda não concluiu a entrega.
Já a SpaceX, apesar de ter recebido bem menos da agência espacial americana, conquistou uma confortável dianteira: realizou seu voo de demonstração não tripulado em março de 2019 e o primeiro voo com astronautas em maio de 2020. Desde então, já fez outros quatro voos regulares para a ISS a serviço da Nasa, além de duas missões privadas ao espaço.
A Boeing espera começar a recuperar seu prestígio, assim como entrar efetivamente na lista das fornecedoras de voos tripulados para a Nasa e outros potenciais clientes, em breve. E a caminhada começa com um voo bem-sucedido a partir desta quinta-feira (19).
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