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Salvador Nogueira

Nasa cria grupo independente para estudar óvnis

Agência espacial prefere chamá-los de fanis, fenômenos aéreos não identificados

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Em um movimento inédito em seus mais de 60 anos de história, a Nasa iniciou um estudo independente sobre óvnis, que ela prefere chamar de fanis.

A troca da terminologia tem a ver com o estigma. UFO, sigla inglesa para objeto voador não identificado (de onde vem óvni), já é muito identificada com doideiras de supostos discos voadores e visitantes alienígenas para que cientistas sérios se aproximem demais sem medo de abalar sua reputação. Já UAP, ou fenômeno aéreo não identificado (o simpático fani), está mais limpinho e é mais preciso em sua imprecisão –sequer assume que sejam "objetos".

Paranoicos da conspiração de primeira hora olharão com desconfiança para o novo esforço da agência espacial, a ser liderado pelo astrofísico David Spergel, presidente da Fundação Simons em Nova York e ex-chefe do departamento de astrofísica da Universidade de Princeton. Talvez o vejam como uma reedição do Projeto Livro Azul, que a Força Aérea dos EUA empreendeu entre 1952 e 1969, com consultoria do astrônomo J. Allen Hynek.

Imagem mostra um objeto em meio às nuvens; divulgada pelo Pentágono e obtida por pilotos da Marinha americana, ela retrata encontro com um óvni (ou fani)
Imagem divulgada pelo Pentágono e obtida por pilotos da Marinha americana em encontro com um óvni (ou fani) - AFP

Naquela ocasião, o esforço de investigar estranhas aparições no céu rapidamente se converteu em um esforço para descredibilizar ou explicar por vias convencionais quaisquer das ocorrências, o que acabou alienando o próprio Hynek, convertido de cético em entusiasta da hipótese de visitas alienígenas por algumas das ocorrências.

No mínimo intrigados, convenhamos, somos todos. Há de fato eventos que desafiam explicações conhecidas, embora seja impossível daí saltar para a ideia de que sejam ETs. O que o novo estudo da Nasa deve fazer é apenas iniciar um esforço de mapear como podemos enquadrar a questão cientificamente.

Em coletiva, a agência informou que ele vai durar nove meses e não custará mais que modestos US$ 100 mil. Não espere que ele traga alguma resposta sobre os próprios fanis (ou óvnis, como queira). O que ele pretende esquadrinhar é que recursos, e com quais modos de observação, se pode de fato abordar o tema de forma efetiva.

Poder-se-ia imaginar, por exemplo, a combinação das imagens de alta resolução de observação da Terra obtidas do espaço a sistemas de inteligência artificial para buscar possíveis ocorrências anômalas, e o contexto talvez traga explicações para elas.

Uma vez que esse estudo inicial apresente caminhos de pesquisa, aí sim a agência poderia abrir um programa de fato sobre o tema. E o que ele poderia revelar? Talvez novos fenômenos atmosféricos estranhos, capazes de explicar ocorrências do passado que hoje seguem misteriosas. E talvez haja espaço para até mesmo corroborar a hipótese de visita alienígena, se tivermos sorte e alguma coisa for vista entrando e saindo do planeta. Vai saber. Mas não prenda a respiração esperando por isso.

Em sua nota à imprensa, a Nasa deixa claro qual é o ponto de partida: "Não há evidência de que os fanis sejam de origem extraterrestre." O ponto de chegada, só saberemos depois que o estudo terminar.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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