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Salvador Nogueira

Primeiras imagens do Webb terão visão mais profunda do Universo

Nasa divulgará observações inaugurais do telescópio espacial no dia 12

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A espera está chegando ao fim. Seis meses após o lançamento, o Telescópio Espacial James Webb já está enviando à Terra suas primeiras observações científicas, que a Nasa espera apresentar com toda pompa e circunstância no próximo dia 12.

Já estão totalmente operacionais três dos quatro instrumentos do satélite, que conta com o maior espelho primário já lançado ao espaço, com 6,5 metros de diâmetro. O último deles deve entrar em operação plena, com todos os seus modos de uso testados, nos próximos dias. Eles operam sob um toldo do tamanho de uma quadra de tênis que bloqueia a luz solar e mantém a temperatura adequada de funcionamento. Um deles, o Miri, ainda tem um sistema de resfriamento ativo que o deixará apenas 7 graus Celsius acima do zero absoluto.

Não foi fácil projetar e lançar um telescópio desse tamanho. Para caber no foguete Ariane 5 que o propeliu ao espaço, ele precisou ser todo dobrado, como um imenso origami espacial, depois recolocado em sua forma final numa série de procedimentos automatizados. Qualquer falha em uma das mais de 300 ações necessárias poderia colocar a perder o projeto de 20 anos e US$ 10 bilhões. Mas tudo correu bem, o resfriamento se deu como esperado e mesmo os eventos adversos –já há registro de cinco impactos de meteoroides contra o espelho primário– estão dentro do previsto, sem impacto negativo nas operações.

Concepção artística do Telescópio Espacial James Webb no espaço
Concepção artística do Telescópio Espacial James Webb no espaço - AFP/Nasa

O que nos traz de volta ao momento histórico em que veremos as primeiras imagens do Webb. Colhidas em luz infravermelha (que nossos olhos não veem) e então "traduzidas" para formas que possamos enxergar, elas representam uma nova janela para o Universo. A Nasa avisou que entre as primeiras imagens teremos a mais profunda visão dos cosmos já obtida. Uma das missões essenciais do Webb, afinal, é ver como se formaram as primeiras estrelas e galáxias, uns 13,5 bilhões de anos atrás (o Universo tem 13,8 bilhões de anos, segundo as mais modernas estimativas). Para isso, enxergar mais longe é essencial –quanto mais distante um objeto, mais tempo a luz dele viaja antes de chegar aqui, trazendo informações de como era o cosmos em seus primórdios.

A Nasa também promete o primeiro espectro da atmosfera de um exoplaneta colhido com o Webb, revelando detalhes de sua composição. Espera-se que, no futuro, ao apontarmos o telescópio para mundos similares à Terra em termos de massa e volume, possamos encontrar algum que seja confirmadamente habitável, quiçá habitado.

Por enquanto, esses dados preliminares só foram vistos nos corredores da agência. Thomas Zurbuchen, diretor científico da Nasa, disse que quase chorou ao ver as primeiras imagens. "É realmente difícil olhar para o Universo sob uma nova luz e não ter um momento profundamente pessoal", disse. "É um momento emotivo quando você vê a natureza subitamente revelando alguns de seus segredos, e eu gostaria que você imagine e fique ansioso por isso." Estamos todos. E o dia 12 que não chega?

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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