Morte Sem Tabu

Morte Sem Tabu - Camila Appel, Cynthia Araújo e Jéssica Moreira
Camila Appel, Cynthia Araújo e Jéssica Moreira
Descrição de chapéu réveillon

Feliz desano-novo!

Réveillon cancelado e cautela lembram o desaniversário do chapeleiro maluco

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Estou me sentindo naquela cena da animação de "Alice no País das Maravilhas" (1951) do banquete do chapeleiro maluco em que todos saúdam: Um bom desaniversário para você! Para mim? Para ti! O Chapeleiro, a Lebre e o Dormidongo celebram o não aniversário, já que eles não fazem aniversário naquele dia e veem naquilo uma enorme coincidência. No livro de Lewis Carroll, "Alice Através do Espelho" (1871), Alice aparece conversando com outro personagem sobre o desaniversário, o Humpty Dumpty (ilustração). É a continuação de "Alice no País das Maravilhas", que Lewis escreveu em 1865.

Se você viu seu Natal, ou Réveillon, serem cancelados, temos algo em comum. Uma pessoa com quem tive contato positivou para a Covid-19 e a precaução exige testes e isolamento. Vejo isso se repetir ao meu redor. Muitos recebendo positivos no teste de antígeno, causando uma onda de cautela, ou não, e preocupação. Os sintomas são brandos, mas o medo de ser ponte para o contágio de alguém vulnerável que adoeça deste vírus, permanece.

O sentimento de frustração de não ter um Réveillon como antes até que passa rápido, afinal, porque raios eu deveria ter criado uma expectativa?

A ideia de brindar em grupo pelo ano que chega destoa demais da realidade. Ao mesmo tempo, ainda tenho vontade de celebrar a esperança que se renova no final do ano. Celebrar a vida, ou melhor, a sobrevida.

A cada ano, podemos morrer. Fato. Trocar de calendário em pé é um presente. Comemoramos esta sobrevida que vamos ganhando no meio de tanta tragédia.

Vejo a importância de parar e repensar o rumo das coisas. Colocar desejos e sonhos no papel, imaginá-los sendo realizados.

Penso em como ser uma pessoa melhor, penso em projetos que me ajudam a trazer propósito para esse respirar. Abraço uma criança e sinto ternura. Acho bonito se abrir para o sentimento da ternura. Ela está aí, espalhada pelo ar. Junto com a Covid-19. Ternura, compaixão, acolhimento.

É um ano-novo de estranhamento. Não estamos isolados e cautelosos, e não estamos em festa. Estamos sem saber como se comportar.

Os jornais e as estatísticas não parecem acompanhar a sensação da rua, do boca a boca. E da rua vem uma percepção de que as pessoas estão contaminadas e contaminando. Muito.

Esse é um ano novo sem Ano-Novo. Uma passagem estranha, mais surreal do que otimista.

Um feliz desano-novo para mim. Para quem? Para mim? Para ti!

Um feliz desano-novo a todos vocês. Com um pouco de estranheza, muita fantasia, amor e uma mão estendida.

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